Helloween (2021), um ano depois.
Por Leandro Duarte
O mundo do metal recebeu com grande expectativa o anúncio do retorno de Kai Hansen e especialmente Michael Kiske. Com eles, o Helloween se sente completo novamente. Não que faltasse alguma coisa nos álbuns anteriores: Straight out of Hell (2013) e My God-Given Right (2015) eram discos de Power Metal completamente fortes, cheios de momentos sublimes e músicas fortes. Mas o Helloween vai um passo além em todos os aspectos: sem oferecer simples cópias de obras-primas do passado ou negar os desenvolvimentos de som e estilo das últimas décadas, a banda entregou, há pouco mais de um ano, um álbum competente, bem feito e empolgante.
O espírito de otimismo de Walls of Jericho (1985), o épico lúdico e grandioso da dupla Keeper of the Seven Keys Part 1 / Part 2 (1987 e 1988) e o peso de um Better Than Raw (1998) se fundem em uma unidade, assim como o pessoal da banda. O resultado do álbum é completamente convincente: há faixas de celebração da vida como ‘Best Time’ (não sem um toque de melancolia e sabedoria da idade), hard rock empolgantes como ‘Mass Pollution’ ou ‘Indestructible’ e marteladas de metal agressivo como ‘Cyanide’ ou ‘Down In The Dumps’. Te garanto que ainda há muito o que descobrir nesse álbum de reencontro mesmo depois de muitas audições: a faixa de abertura ‘Out For The Glory’ com seus momentos volumosos, ‘Angels’ caminha pelos sonhos progressivamente entre piano e contrabaixo, e a épica excessivamente longa ‘Skyfall’ está na linha de Keeper Of The Seven Keys.
As melodias desse disco são para se ajoelhar, absorver, cantar junto – os refrões sublimes são joias típicas do Helloween. A produção perfeita é, ao mesmo tempo, atual e envolvente, além de naturalmente dinâmica. Isso permite que cada integrante brilhe de maneira limpa e diferenciada. O fato de Andi Deris compartilhar sua posição no microfone com tanta naturalidade e camaradagem, fez com que Michael Weikath e Kiske fossem capazes de esquecer as diferenças e trabalharem juntos de forma criativa. Kai Hansen se integrando tão precisamente na estrutura da banda como guitarrista e cantor e Dani Löble fazendo uso da bateria do falecido Ingo Schwichtenberg soaram como muito natural, parte do senso de união do grupo.