Black Sabbath e suas fases

Black Sabbath e suas fases

Por Elias Scopel Liebl

Formado em 1968 em Birmingham, na Inglaterra, a banda Black Sabbath teve durante toda sua trajetória várias formações, e em 2017 decretou seu fim, com um show de despedida na mesma cidade onde começou. O grupo teve várias formações, mas, sem sombra de dúvida, a composição mais conhecida (e mais importante) é aquela da qual fazem parte o vocalista Ozzy Osbourne, não menos importantes e com muito destaque Ronnie James Dio, Ian Gillan e Tony Martin também tem merecidíssimo reconhecimento nesta trajetória. O guitarrista Tony Iommi é o único membro que participou de todas as fases. Tentarei explorar as diferentes fases do Black Sabbath de forma sucinta para que o leitor tenha um breve conhecimento desse que é um dos maiores grupos da história do rock.

1968-1977: Tony Iommi, Bill Ward, Geezer Butler e Ozzy Osbourne

Tony Iommi e o baterista Bill Ward deram o pontapé inicial, se unindo ao baixista Geezer Butler e ao vocalista Ozzy Osbourne para formar o grupo Polka Tulk Blues Band, que logo mudou o nome para Earth. Na época, um filme chamado Black Sabbath lotava os cinemas e chamou a atenção do grupo – que, de pronto, rebatizou a banda. Em 13 de fevereiro de 1970, lançaram o primeiro álbum, e logo ganharam disco de platina pelas vendas. Lançaram sete discos de estúdio e, em 1977, após a turnê do álbum Technical Ecstasy, Ozzy deixou o grupo, alegando luto pela morte do seu pai, além dos problemas com dependência de álcool e drogas.

1978: Tony Iommi, Bill Ward, Geezer Butler e Dave Walker

A saída de Ozzy em novembro de 1977, fez o resto do grupo correr rapidamente atrás de um novo vocalista. Nome sugerido foi, Dave Walker, do Fleetwood Mac. Sua única aparição foi em janeiro de 1978. No youtube é fácil encontrar o grupo ensaiando a canção “Junior’s Eyes”.

1978-1979: Tony Iommi, Bill Ward, Geezer Butler e Ozzy Osbourne

Ozzy tenta sem sucesso iniciar a carreira solo e resolve retornar ao Sabbath. Gravam em 1978 o álbum Never Say Die!. O disco não foi bem aceito pela crítica, e os constantes conflitos internos fizeram o grupo decidir pela saída de Ozzy, justificando sua tendência ao abuso de drogas e álcool (os outros integrantes tinham problemas semelhantes).

1979-1980: Tony Iommi, Bill Ward, Geezer Butler e Ronnie James Dio

A saída de Ozzy trouxe para o grupo o vocalista Ronnie James Dio (ex-Elf e Rainbow) e, de imediato, a banda em nova formação entrou no estúdio para gravar o álbum Heaven and Hell, lançado em 1980. O baixista Geezer Butler também chegou a cair fora da banda, em 1979, e foi substituído pelo ex-baixista do Rainbow, Craig Gruber. Mas, sentindo que vinha por aí trabalho bem feito, Geezer acabou voltando a tempo para regravar todas as canções do disco. O álbum Heaven and Hell ganhou disco de ouro e provou ser um grande retorno comercial.

1980-1982: Tony Iommi, Geezer Butler, Ronnie James Dio e Vinny Appice

Assim que Heaven and Hell foi lançado, Ward, no auge do seu alcoolismo, deixou a banda. Seu substituto foi o baterista Vinny Appice, que permaneceu para gravar o décimo álbum do grupo, Mob Rules, lançado em 1981. A turnê rendeu o álbum ao vivo Live Evil, que só foi lançado em 1982. Os conflitos dentro da banda, principalmente durante a mixagem do disco ao vivo levaram a banda à ruptura. Dio deixa o grupo e leva Appice com ele, dando assim início à sua promissora carreira solo.

1982-1983: Tony Iommi, Geezer Butler, Bill Ward e Ian Gillan

Bill Ward fica sóbrio e retorna a banda. O trio Iommi, Butler e Ward decidem seguir em frente com um novo cantor e com um novo nome, embora a gravadora pressionasse para que não houvesse a mudança. Por fim, o nome Black Sabbath permaneceu. Iommi, contactou David Coverdale (Whitesnake), mas o cantor recusou a proposta. Ian Gillan (ex-Deep Purple) estava com a agenda livre e aceitou o convite. O resultado foi o belíssimo álbum Born Again, lançado em 1983. Os críticos da época apelidaram o disco de “Black Purple”, e teve significativa vendagem. Chegou ao quarto lugar nas paradas da Inglaterra.

1983-1984: Tony Iommi, Geezer Butler, Ian Gillan e Bev Bevan

Ward novamente deixa a banda, dessa vez pouco tempo antes de iniciar a turnê para promover o disco Born Again. Seu substituto foi o ex-baterista do ELO, Bev Bevan. Chegando ao final da turnê, Gillan anunciou que iria se juntar ao Deep Purple – e, mais uma vez, o Sabbath fica sem vocalista.

1984: Tony Iommi, Geezer Butler e David Donato

Com a saída de Gillan, um novo produtor entrou em cena, Spencer Proffer, que fez audição com alguns vocalistas como: Ron Keel e George Criston (Kick Axe). Entretanto, nenhum dos dois deu certo. David Donato foi citado como vocalista oficial do grupo, permaneceu por cerca de seis meses e não chegou a gravar um álbum, mas gravou um esboço do que viria a se tornar “The Shining”. O baixista, Butler, acabou desistindo do posto, e Iommi decidiu deixar a banda em standby e seguir carreira solo.

1985: Tony Iommi, Geezer Butler, Bill Ward e Ozzy Osbourne

Iniciando o projeto solo com vários vocalistas, Iommi, junto com o tecladista Geoff Nicholls trabalham freneticamente em novas possibilidades musicais. Nesse mesmo tempo, Bob Geldof realiza um festival chamado Live Aid, e consegue reuniu os membros originais do Black Sabbath para participar do evento. Eles não tocavam juntos desde 1978.

1986: Tony Iommi, Geoff Nicholls, Glenn Hughes, Dave Spitz, Eric Singer e Geoff Nicholls

Já sem o vocalista Donato, Jeff Fenholt entra na banda e permanece no Black Sabbath por sete meses, antes de Glenn Hughes tomar o seu lugar. Pela primeira vez, o Sabbath só contava com Iommi da formação original. Esse novo desenho resultou no disco álbum Seventh Star, lançado em 1986. Inicialmente, seria um álbum solo de Iommi, porém, por razões contratuais, saiu sob o nome de Black Sabbath featuring Tony Iommi. O disco conta com outra sonoridade, um pouco mais leve e comercial, e de modo geral recebeu críticas negativas.

1986: Tony Iommi, Geoff Nicholls, Dave Spitz, Eric Singer e Ray Gillen

Lançado o disco Seventh Star, logo no início da turnê de divulgação do disco, Hughes deixa a banda. Iommi novamente encontrou-se sem um vocalista e deu um jeito de encontrar um substituto às pressas: Ray Gillen, que até então havia participado da banda solo do ex-baterista do Rainbow, Bobby Rondinelli. A troca de vocalista não ajudou a banda a crescer. Nesse mesmo tempo, Ozzy estava voando baixo e conquistando muito público com sua banda solo.

1986-1987: Tony Iommi, Geoff Nicholls, Eric Singer, Bob Daisley e Tony Martin

As coisas pareciam não dar certo para o Sabbath, e o disco The Eternal Idol, de 1987, floresce em meio a várias baixas. O baixista que gravou e escreveu várias letras para o álbum, Dave Spitz, foi o primeiro a sair, levando junto o baterista Eric Singer. Spitz logo foi substituído por Bob Daisley, que já havia trabalhado com Ozzy, Rainbow, Uriah Heep e Gary Moore. No meio das gravações, Ray Gillen também deixou o grupo e foi substituído por Tony Martin, que fez o vocal (com canções escritas originalmente por Gillen) para o álbum. Algumas versões circulam no mercado com a versão original cantada por Gillen, mas fica claro que são apenas partes de pré-produção.

1988-1989: Tony Iommi, Geoff Nicholls, Tony Martin, Cozy Powell e Laurence Cottle

Após o disco The Eternal Idol, Iommi, Nicholls e Martin recomeçam uma nova fase, recrutando Laurence Cottle (baixo) e o lendário Cozy Powell (bateria). O título do novo álbum, Headless Cross, é baseado em uma vila do século XVI, a cerca de três quilômetros de onde Tony morava. Na época houve uma peste que ameaçou a vila toda, eles pensaram que, se erguessem uma cruz, a peste desapareceria – o que não aconteceu. Com essa formação, lançaram o disco, em 1989. O álbum não agradou, e a turnê promocional foi cancelada algumas vezes. Quando finalmente aconteceu, o grupo já contava com o novo baixista Neil Murray.

1990: Tony Iommi, Geoff Nicholls, Tony Martin, Cozy Powell e Neil Murray

Para surpresa dos fãs, o grupo se consolidou por um curto período e registrou o momento com o álbum Tyr, que é quase uma extensão de Headless Cross. A princípio, o disco vendeu bem e, apesar da relativa harmonia entre o grupo e um single de sucesso, a balada “Feels Good to Me”, Tyr não obteve o resultado esperado pela gravadora, vendendo poucas unidades na Europa e forçando o grupo a interromper outra turnê devido à fraca venda de ingressos. Uma noite memorável durante essa turnê aconteceu em Hammersmith, quando o ex-baixista Geezer e o guitarrista Brian May (Queen) fizeram participação especial no show.

1990-1992: Tony Iommi, Geezer Butler, Ronnie James Dio e Vinny Appice

O encontro de Tony e Geezer no Hammersmith e, em outra ocasião, Geezer e Dio no palco durante um dos shows de Dio, provocaram um burburinho sobre uma possível reunião do Sabbath, e foi realmente o que aconteceu. Iommi demitiu Martin e Murray. Cozy havia quebrado a pélvis em um acidente andando de cavalo e, pouco depois, se envolveu em um acidente de carro e, além disso, tinha problemas com Dio desde a época do Rainbow. Isso fez o músico se afastar do Sabbath. Em 1992, o álbum Dehumanizer trouxe de volta o Sabbath às paradas nos EUA, e gerou o single de sucesso “TV Crimes”. Essa formação desmoronou quando a banda aceitou o convite de abertura para uma primeira turnê (No More Tours) de “aposentadoria” de Ozzy. Indignado, Dio saiu, e foi substituído temporariamente pelo então ex-vocalista do Judas Priest, Rob Halford.

1993-1994: Tony Iommi, Geezer Butler, Tony Martin, Geoff Nicholls e Bobby Rondinelli

O entra e sai de músicos e ex músicos parece não ter fim. As conversas sobre uma possível turnê de reunião com a formação original do Sabbath começa a tomar corpo. Porém, Iommi e Butler voltaram ao estúdio com o baterista Bobby Rondinelli (ex-Rainbow), o tecladista Nicholls e Martin novamente nos vocais (que dedicava seu tempo ao projeto solo), para lançar o álbum Cross Purposes, de 1994. Novamente, como nos álbuns anteriores com Martin não foi um grande sucesso comercialmente. Rondinelli foi substituído no meio da turnê pelo baterista original, Bill Ward, que inclusive chegou a tocar nas últimas quatro datas da turnê que passou pelo Brasil.

1994-1995: Tony Iommi, Geoff Nicholls, Tony Martin, Cozy Powell e Neil Murray

Ao terminar a turnê de Cross Purposes, Butler novamente deixa a banda, seguido por Ward. Sem perder tempo, Iommi recruta os ex-membros Cozy Powell e Neil Murray para iniciarem a gravação do álbum Forbidden, em 1995, que contou com a participação de Ice T. O disco não recebeu boas avaliações do público e crítica. O vocalista, Martin ao menos sabia se de fato era um membro oficial do grupo ou era apenas um contratado qualquer. Na turnê, Powell acompanhou apenas as datas da turnê dos Estados Unidos, enquanto, na Europa, Rondinelli ficou em seu lugar.

1997-2006: Tony Iommi, Bill Ward, Geezer Butler e Ozzy Osbourne

Ozzy, em 1997 deu início ao seu festival Ozzfest. Na última parte do show, Butler e Iommi e algumas vezes também Ward apareceram no palco para tocar algumas canções clássicas do Sabbath. Demorou cinco anos para que isso acontecesse, mas a formação original do Sabbath finalmente se reuniu e foi devidamente comemorada com o álbum duplo, ao vivo, de 1998, chamado Reunion. Em 2004, Ozzy foi forçado a cancelar sua performance com o Sabbath no Ozzfest, devido a um ataque de bronquite. Sharon Osbourne, esposa de Ozzy, pediu para o frontman do Judas, Halford substituir Ozzy, um trabalho que ele já havia feito anteriormente.

2006-2010: Tony Iommi, Geezer Butler, Ronnie James Dio e Vinny Appice

Depois de se reunir novamente para gravar algumas músicas novas para uma compilação da era Dio, o quarteto decidiu gravar um novo LP e agendar uma turnê, porém agora identificados como Heaven & Hell. Isso porque, antes, eles tiveram que enfrentar uma ação judicial de Osbourne, que acusou Iommi de se apropriar ilegalmente do nome do Sabbath.

2011- 2017: Tony Iommi, Geezer Butler e Ozzy Osbourne

Dio é vencido por um câncer de estômago e, em maio de 2010, o Heaven & Hell chega ao seu fim. Em 2011, a formação original do Sabbath anuncia que gravaria um novo álbum e na sequência faria uma turnê mundial. Mas, assim que os fãs começaram a comemorar, as coisas novamente foram por água abaixo. Ward diz publicamente que recebeu uma oferta de contrato injusta e não assinaria caso não fosse alterado. A banda acabou optando por continuar sem ele, alegando que o motivo de sua saída seria que o baterista original não estaria em condições físicas para assumir mais de duas horas de show e uma extensa turnê. A gravação do álbum intitulado “13” foi feita com Brad Wilk, do Rage Against The Machine e, para tocar ao vivo, foi chamado Tommy Clufetos, que era o baterista da banda solo de Ozzy. A última vez que se apresentaram sob o nome Black Sabbath foi no dia 4 de fevereiro de 2017, na cidade natal da banda, Birmingham, Inglaterra.

Meus amigos, espero que tenham gostado. Deguste Rock na Mira do Rock.

Tags: , , , , ,

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Parceiros

Nossos parceiros neste projeto

%d blogueiros gostam disto: