Entrevista com Jairo Guedz (The Troops of Doom)

Entrevista com Jairo Guedz (The Troops of Doom)

Por Leandro Duarte

NMDR: Jairo, em primeiro lugar, gostaríamos de agradecer por sua gentileza em nos conceder uma entrevista para o nosso website e dizer que é uma honra tê-lo conosco. Seus fãs agradecem!

Jairo Guedz: Antes de mais nada, eu que agradeço a oportunidade que vocês estão me dando também para espalhar a palavra da minha banda, espalhar as minhas ideias e espalhar minha arte, minha música e isso é muito bom. Eu que agradeço a vocês.

NMDR: O álbum Antichrist Reborn foi lançado em abril de 2022, seguindo os EPs The Rise Of Heresy (2020) and The Absence of Light (2021). O processo online de composição foi muito diferente do convencional?

Jairo Guedz: A gravação e processo de produção desse nosso álbum full nosso, O Antichrist Reborn, que saiu em abril de 2022, foi diferente dos outros dois primeiros EPS né. Os outros dois foram feitos totalmente a distância e totalmente caseiros. Até o vocal foi gravado dentro de casa, as baterias foram programadas de acordo com a vontade do Alexandre Oliveira também, que é o baterista. A gente estava no processo de pandemia e de quarentena tão radical que não dava para gravar em estúdio, não dava pra gravar bateria nem nada. Então a melhor opção que a gente encontrou foi de programar essa bateria e fazer uma bateria mais próximo do real né, da forma mais orgânica possível. Mas é claro que nada chega aos pés de uma gravação profissional de bateria, de guitarra, e vocal. E tudo isso tudo só foi possível no Antichrist Reborn. Mas até então, até a gravação do Antichrist Reborn a banda não tinha se encontrado. A banda não havia se encontrado até então. E mesmo durante a gravação e a produção do Antichrist Reborn nós fizemos em estúdio, porém, cada um na sua cidade separadamente. Só eu que peguei um voo para Porto Alegre e de lá eu fui para casa do Marcelo que mora mais ou menos 2 horas horas e pouco de Porto Alegre, bem no meio da Serra Gaúcha mesmo. E aí eu e o Marcelo Vasco gravamos as guitarras lá e eu fiz alguns baixos também. Depois o Alex gravou os locais no Rio de Janeiro, online. Ele gravou dentro de um estúdio com um produtor e com o nosso empresário e a gente ficou online, eu e o Marcelo ali, ajudando na produção, na forma de cantar, os encaixes e etc. E depois eu acompanhei o Alexandre Oliveira em Belo Horizonte dentro de um estúdio para gravar a bateria dele. Então todas essas peças juntas foram enviadas para o Peter Tägtgren, do Hypocrisy, na Suécia para o estúdio dele. Lá ele juntou tudo e ele mixou tudo da forma que a gente pediu para ele.

NMDR: Ainda no campo das composições: pra você, o que faz uma música ser boa o suficiente pra ser lançada? Em qual momento você considera uma música como pronta?

Jairo Guedz: Eu acho é difícil isso. Até porque, quando a gente acha que uma música está pronta, ou que uma música é boa o suficiente, às vezes ela não dá em nada. E às vezes você não dá nada por uma música e ela faz sucesso né. Então eu acho que eu posso falar sobre o meu processo de criação. Quer dizer, eu acho que quando ela faz sentido pra mim. Na verdade, toda música sai de uma inspiração. No meu caso eu não me sento e obrigo a minha cabeça a funcionar. Eu sempre tenho uma ideia e aí eu preciso sentar e botar lá no papel e botar no instrumento. Quando eu faço isso, aí sim, a partir dessa ideia inicial eu preciso trabalhar com uma projeção que seja prática, que seja pensada, que seja calculada, que é toda a evolução daquela música. Ela tem que ir para algum lugar. Ela tem que ter um evolução dentro dela. Ela tem que ter pelo menos uma parte  que seja mais pegajosa, mesmo que seja dentro de um estilo bem underground, que não tenha nada de mainstream, você chega lá e você tem que ter algo que faça as pessoas e os seus fãs lembrarem aquela música, identificarem aquela música né. E eu procuro sempre trabalhar uma música como se fosse uma história de cinema. Eu preciso que ela tenha começo, meio e fim, e que esses três elementos da música, esses três momentos da música estejam ligados por algumas pontes, por alguns pequenos elementos, que são naturais do estilo que eu faço. No caso, o death metal, que tem os elementos próprios para isso, as pontes que unem esse começo meio e fim e essas fases né. E aí quando eu percebo que a música já tem uma duração, e ela tem começo, meio e fim e já tem uma duração aceitável, aí eu considero que ela está pronta.

NMDR: A turnê de divulgação do álbum está a pleno vapor, inclusive com a banda fazendo a abertura para os shows sulamericanos da banda I am morbid nesse segundo semestre de 2022. Como pintou o convite pra abrir os shows deles?

Jairo Guedz: Esses shows do lançamento do álbum junto com o I am Morbid vão ser inicialmente no mês de novembro. A gente deve ter uns 14 shows mais ou menos com eles pela América do Sul, incluindo o Brasil. São seis no Brasil e mais uns seis, sete ou oito shows fora, até o Peru. O Pete Sandoval (baterista do I am Morbid) tem um problema sério na coluna e ele fez uma cirurgia também. Ele também não é nenhum rapazinho mais né, já tem uma certa idade. Ele é mais velho do que eu, acredito, talvez mais de 54 ou 55 anos. E ele pediu que a turnê fosse dividida em duas partes, que a gente chama de pernas. Aí seriam duas pernas dessa turnê. A primeira em novembro que são esses 14 shows mais ou menos e a segunda em fevereiro, que aí a gente começaria na Colômbia, iria pela América Central e América do Norte. Inclusive no México que tem mais ou menos umas cinco datas também já marcadas para fevereiro. Então essa foi uma grande chance, foi um presente que a gente ganhou na verdade. E é um motivo de orgulho para a gente poder viajar com uma banda super bacana, com uma banda super profissional, com uma banda americana de renome e tudo né. Independentemente de serem I am Morbid ou Morbid Angel. É só os caras fundadores da banda que estão tocando o disco mais famoso deles. Então eu acho que a gente tem que aproveitar essa chance de qualquer forma e da melhor forma possível, levar nossa nossa música também para essa galera. Nós fomos convidados pela produtora Vênus, produtora do I am Morbid pela América Latina, então eles nos convidaram para fazer esse shows, nós pedimos ao nosso empresário para ficar ali de intermediário né, pra entrar nessa conversa, e ele resolveu tudo com eles. E a gente tá muito satisfeito com isso tudo.

NMDR: Até quando a turnê do Antichrist Reborn ficará na estrada? Já há planos para um novo álbum ou vocês ainda nem pensam nisso?

Jairo Guedz: Como a banda é muito nova, e a gente tava numa pandemia a gente considera que nós estamos fazendo e vamos começar a turnê da nossa carreira. Quer dizer, nós vamos fazer a turnê do The Rise Of Heresy (2020), do The Absence of Light (2021) e do Antichrist Reborn (2022) dos três álbuns da banda. Então essa turnê não tem prazo para acabar. Na verdade ela vai se estender pelo ano de 2023 inteiro porque a nossa programação é, mesmo que ainda muito embrionária, é fazer pelo menos umas ou duas turnês pela Europa no ano que vem. Junto a essa turnê da América Latina. E depois a gente para para pensar em turnê americana, na América do Norte e Canadá talvez. Mas isso é mais para frente, porque isso é uma coisa bastante complicada em comparação tanto com América Latina como a Europa principalmente. Mas em contrapartida a gente também não para. A gente está produzindo muita coisa. A gente já tem músicas, ideias e partes de músicas gravadas, para a gente poder pegar depois e trabalhar com calma, só que nesse período agora a gente tá muito ocupado ensaiando pra esses shows que vão acontecer a partir de outubro, até o fim desse ano e preparando uma série de outros lançamentos da banda, de outros produtos. A gente vai relançar os nossos EPs no início do ano que vem e mundialmente a gente deve lançar também no formato picture disc. Além disso, a gente deve lançar uma caixa especial também com os dois primeiros EPS no Brasil em CD. Então tem uma série de coisas. Tem mais uns produtos de merchandising também que estão chegando, que eu tô desenvolvendo junto com outros os parceiros da banda, então eu acredito que vai demorar um pouco ainda para gente lançar um novo disco porque a gente ainda não botou o pé na estrada de verdade para divulgar nosso trabalho. Nós fizemos no mês passado (agosto/22), a convite do Cavalera Conspiracy, tocamos Curitiba e Rio e foi muito bacana, muito legal, uma experiência muito boa. Agora nossa nossa meta é fazer o máximo de shows para divulgar os três álbuns e mundialmente.

NMDR: Todo começo em uma banda pode ser difícil e desafiador. Qual começo foi o mais desafiador? No Sepultura, no The Mist, no Overdose, no Eminence ou no The Troops of Doom? E em que momento você se sentiu mais desafiado na sua carreira?

Jairo Guedz: Sinceramente toda banda tem um início desafiador, até por uma questão de personalidades. Quer dizer, você se insere no ambiente de várias personalidades diferentes, além de várias visões diferentes, egos e tal, então é sempre muito complicado isso. É como a gente sempre brinca: é um casamento com vários homens na verdade. Não é como quando você casa com a sua esposa, ou seu companheiro, que já é uma outra pessoa completamente diferente, mesmo que tenha gostos parecidos com os seus, mas é uma outra pessoa. Então tem egos, tem sofrimento, tem dúvidas, tem conquistas, tem exigências, tem metas… Cada um tem um parâmetro a seguir. E aí uma banda trabalha com todos esses parâmetros juntos né, dentro de uma mesmo ambiente, dentro de uma mesma empresa por assim dizer. Eu posso te dizer que no Sepultura foi muito natural, foi muito gostoso o início. A gente só tem problemas externos né, quer dizer, a gente viver num país que ainda não era democrático, a gente vivia no país ainda de governo militar, a gente nasceu no bairro de Santa Teresa (BH), que é um bairro extremamente tradicional, um bairro de pessoas muito mais velhas, de idosos mesmo. Um bairro muito antigo de Belo Horizonte, muito católico, muito religioso e, tradicionalmente um bairro mais tranquilo né, apesar de já ter uma história com a música porque foi aonde também nasceu o Clube da Esquina, onde o Lô Borges e outros músicos moravam e eram inclusive os nossos vizinhos. Isso quando ainda o Max morava aqui e eu vivia na casa dele. Eu morei lá um tempo também, então eu acho que todas essas essas relações externas à banda dificultaram um pouco. O que nos ajudou muito foi que a gente era muito novo e a gente não tinha tanta maldade com as coisas. Então a gente estava mais se divertindo do que preocupado com isso. E as nossas famílias que foram grandes apoiadores do nosso trabalho, da nossa música. Então isso aí no Sepultura foi muito tranquilo eu não tenho o que reclamar disso.

O The Mist já exigiu de mim um pouco mais porque já eram muito mais maduros né. Todo mundo na banda já era mais maduro, já tinha uma galera que já era casada, uma galera que já tinha filho, uma galera que já tava trabalhando para pagar suas contas, não era mais adolescente. Então ali no The Mist a gente já tem uma exigência maior né e uma exigência musical também muito grande. Eu tive que trazer muitas das minhas influências dos anos 80 que não eram tão ligadas ao Death Metal, ao Black Metal e a música extrema. Então ali a gente buscou mais essa questão da música Dark, do The Sisters of Mercy, David Bowie etc. Então exigiu um pouco mais. Logo depois eu fui em 1997 para o Overdose, que foi a banda que mais exigiu de mim em termos técnicos. Foi aonde eu tive que aprender muito rápido a melhorar minha técnica na guitarra, pois a banda era muito difícil de tocar. Então eu tive que fazer contas, eu tinha que fazer matemática enquanto tocava, tinha que fazer equações complicadíssimas. E isso isso foi complicado e foi difícil no início mas depois foi super prazeroso e fizemos shows muito bacanas. E eu tenho um grande amigo até hoje, um irmão de coração que é o Bozó que até hoje se manteve muito meu amigo. Então é graças a minha entrada no Overdose e, um pouco antes também, a gente já tinha essa amizade. Já no Eminence meu desafio maior foram dois na verdade. O primeiro foi lidar com o baixo. Quer dizer, eu já tocava um pouco de baixo, já tinha gravado desde a época de Sepultura, já tinha gravado baixo às vezes para o Paulo (Xisto, baixista do Sepultura), às vezes para outros outros colegas e tudo. Mas eu nunca tinha tocado profissionalmente como baixista. E eu tive que desenvolver toda minha técnica no baixo né, que é bem diferente na forma de pensar a música, bem diferente da guitarra. E a outra questão foi a questão do período mais difícil da minha vida.  O período em que eu acredito que eu tava mais envolvido com outras substâncias e, principalmente, com álcool. Então, eu tive um terreno muito difícil nessa época e eu tive que trabalhar a banda na Europa principalmente. Foram seis anos indo pra Europa e vivendo na Europa durante muitos meses e tudo e com esses problemas a coisa mais complicada né. Eu não fiz grandes amigos no Eminence. Eu saí da banda e acho que eu só tenho dois grandes amigos que eu conservo que são os dois ex-vocalistas, o Beto Ferris do primeiro álbum Chaotic System (1999) e o Wallace Parreiras que é o vocalista do segundo álbum, Humanology (2004), que eu gravei com eles no Estados Unidos. Eu acho que só os dois mesmo. Não fiz questão de conservar nenhuma outra amizade com ninguém da banda e cada um seguiu seu caminho e nunca mais eu vi. E também não tenho nenhum contato. E o The Troops of Doom que me trouxe esse desafio e ao mesmo tempo esse orgulho né de fazer no auge de uma pandemia, quer dizer, uma banda que não se encontra, não só pela pandemia, mas também pelo fato da nossa distância geográfica ser muito grande. O Alex mora no Rio, eu moro em Belo Horizonte, o Alexandre Oliveira mora em Belo Horizonte também mas durante a pandemia a gente nem se via e o Marcelo na Serra Gaúcha. Então a gente estava tão longe um do outro que na verdade a pandemia foi o menor dos nossos problemas. E a gente teve que desenvolver uma banda que tivesse uma proposta bacana e uma seriedade e ao mesmo tempo um profissionalismo muito bacana, muito positivo num período desse né. E sem se encontrar e sem se conhecer também né, porque eu sou amigo do Marcelo e do Alex há muitos anos mas o Alexandre não conhecia nenhum dos dois. Então foi bem bacana, foi bem desafiador.

NMDR: Você já afirmou em outros momentos que gosta muito de metal industrial e que o Ministry seria uma de suas influências. O “quase” tocar no Ministry foi algo que te deixou frustado de alguma maneira?

Jairo Guedz: Essa minha relação com o Ministry começou em 1990 na casa do Max lá em São Paulo, depois que eu sair da banda, óbvio. Eu fui para casa do Max passar uns dois dias lá e o Igor me apresentou. Foi ele que me aplicou ao Ministry. E eu apaixonei. Foi paixão à primeira audição. E a partir daí eu comecei a explorar mais dessa música industrial de vários outros artistas. Eu também sou muito fã de Samael, dessa fase mais nova deles também e etc. Eu fiquei muito frustrado na época porque foi uma época muito difícil. E eu estava ainda no Eminence. Eu saí logo depois do Eminence. Foi uma época muito difícil da minha vida. Foi o que a gente chama de inferno astral da nossa vida. Eu tive um problema muito sério com consumo de álcool e sou alcoólatra, reconhecidamente. Mas não bebo. Eu fui à algumas reuniões, frequentei o A.A por um tempo, mas não bebo. Mas cada dia é uma luta né. E no caso do Ministry eu fiquei muito feliz e muito orgulhoso porque eu fui convidado pelo Al Jourgensen (vocal e guitarra) para ser o baixista, recebi e assinei o contrato, recebi as passagens aéreas, tirei as músicas, tudo certinho né e já ia voltar para o Texas logo em seguida. Eu voltei do Texas para o Brasil e depois logo em seguida, em poucos meses, eu já estava indo para o Texas novamente para ensaiar. Mas aconteceu alguma reviravolta, não na banda, mas na gravadora, a Suburban Records de Los Angeles. E eu até sei o que aconteceu mas eu não posso falar nesse assunto porque eu preciso ainda, mesmo depois de tantos anos, mas eu ainda espero colher provas para que eu possa falar sobre isso e não ser processado. Eu preciso ter as provas concretas sobre isso. Mas eu sei que foram algumas influências de uma pessoa no Brasil que trabalhou para que isso acontecesse, para ter dessa errado, uma pessoa que por algum motivo nunca gostou de mim. Junto com isso, a gravadora também achou desnecessário ter esse gasto em me levar para lá e acabou que não rolou. Mas eu fiquei frustrado sim, porque é absolutamente normal. Qualquer perda nos deixa frustrado. A pena de um trabalho, de um emprego, de um projeto de vida é uma coisa muito forte então eu fiquei frustrado sim e isso ajudou a piorar o meu inferno astral naquela época.

Depois veio um divórcio de um casamento de vinte e poucos anos e ainda nesse mesmo período eu quase perdi meu filho mais novo. Ele teve um acidente de trânsito em que ele quase morreu. Ele ficou em coma por 15 dias e isso aí tudo me deixou bem, bem para baixo e eu tive que eu tive que achar a solução para todos os problemas. E aí foi quando eu fui convidado para tocar com o Metallica Cover, que é a minha banda de tributo ao Metallica, que fez 30 anos agora esse ano. Eles são de 1990, mas eu entrei depois dos anos 2000. E essa banda começou a fazer muitos shows pelo interior de Minas, aqui em Belo Horizonte e até no Rio de Janeiro nós fomos. E isso me ajudou muito. Eu fui mandado embora do Eminence, depois eu tive essa questão do Ministry, teve a questão do meu filho mais novo, depois o casamento com a mãe dos meus filhos acabou. Hoje eu sou casado com outra mulher e claro, eu olho para trás e vejo que eu precisei passar por isso tudo. Mas eu acho que eu devo sempre falar e pontuar essas coisas porque tem uma geração enorme de pessoas aí né, uma garotada aí, que acha bonito algumas coisas. E eu faço questão de deixar bem claro que nem tudo são flores né. Mas é isso. E em relação a isso eu posso dizer que ficou amizade do Al Jourgensen, assim como da Angelina, esposa dele do pessoal do Ministry, como Roy Mayorga e essa galera toda. E eles tem um respeito muito grande por mim e eu por eles.

NMDR: Você recebeu em agosto desse ano o título de Filho Ilustre pela Câmara Municipal do município de João Monlevade (MG), sua terra natal. O que isso significou pra você?

Jairo Guedz: Leandro, esse título foi muito bacana porque eu não esperava por isso. Eu estava em casa e um dia recebi um telefonema de um assistente de um vereador que me falou desse título. Ele disse que eu iria receber um título pois o vereador fulano de tal entrou com esse pedido na Câmara Municipal de João Monlevade e que a minha colaboração para cidade de Monlevade era muito grande, era imensurável pois eu carregava o nome de João Monlevade para o mundo todo. Ele ainda disse que eu sou um filho da cidade, pois eu nasci e fui criado lá, além de ser uma pessoa extremamente conhecida e respeitada. E eu fiquei muito feliz porque foi o reconhecimento de um trabalho de uma vida de quase 40 anos de música. Foi um reconhecimento de muito respeito. Fizeram uma placa lá na câmera com meu nome, uma placa grande, bacana. Fui homenageado presencialmente. Eu fui até a câmara municipal e fizeram essa homenagem, inclusive cantando o hino nacional. Foi muito bacana. Então eu fico muito feliz porque isso é um reconhecimento pelo meu trabalho e eu carrego com o maior orgulho o nome da minha cidade é uma cidade que eu gosto muito.

NMDR: Pra finalizarmos: Jairo Guedz por Jairo Guedz e suas considerações finais.

Jairo Guedz: É complicado essa questão, Jairo Guedz por Jairo Guedz né. É muito difícil. Eu sou um cara do bem, sempre fui. Quem me conhece sabe disso. Eu sou um cara que eu dou uma boiada para não entrar numa briga, eu odeio barraco, odeio briga, odeio confusão. Sou um cara do bem. Eu tento ficar sempre próximo do meu público. Eu tento fazer o máximo para estar com meu público, tento receber todo mundo, tento atender a todo mundo. Sempre me pedem coisas tipo ajudar uma banda, usar uma camisa, para fazer um vídeo, para fazer uma uma declaração sobre uma banda e tudo mais. Aí eu vou atrás, escuto a banda, dou a minha opinião… Mas eu também não saio fazendo isso para qualquer um. Por exemplo, se eu não gostar da banda, se eu não gostar da mensagem, se eu não gostar da atitude, eu não faço.

Mas eu sempre tento estar acessível para as pessoas que me procuram por que é uma forma de devolver esse carinho, esse respeito que eu tenho de todos eles. Então eu sou um cara do bem. Eu me considero um cara muito do bem e se eu fiz mal para alguém não foi intencionalmente e peço desculpas. E sou muito bom para pedir desculpas, caso eu faça algo errado também com alguém. Já fiz isso inúmeras vezes. Também não sou um músico tecnicamente evoluído. Assim, eu não me preocupei durante a minha vida toda em estudar a música ou melhorar demais a minha capacidade técnica na guitarra, porque a minha intenção nunca foi de ser técnico ou de fazer música difícil demais ou fazer um estilo que tem que saber tocar muito… Eu não gosto de solo de guitarra, eu faço porque é necessário. Mas eu não gosto. Então eu me considero um músico que nasceu para tocar, nasceu para fazer riff, para fazer base, para fazer música… Tocar e levar música para o meu público, para meus fãs. Não nasci para levar música para outros músicos e para inflar meu ego. Sabe assim: “Jairo é um guitarrista tão espetacular”. Não, eu não sou. Eu sei que eu não sou e eu tenho total noção do espaço que eu ocupo. Agora, o que me ajuda e me ajudou a vida inteira foi que eu sempre estive rodeado de músicos que são bacanas, que querem o mesmo que eu e que que gostam de fazer música. E então isso me ajudou muito.

NMDR: Um abraço e obrigado mais uma vez!

Jairo Guedz: Agradeço a todos vocês. Agradeço pelo carinho, agradeço pela oportunidade mais uma vez e, estou aqui para o que precisarem. Grande abraço!

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