Paul Di’Anno, Noturnall e Electric Gypsy, uma noite memorável em Curitiba 09-02-23
Por Elias Scopel Liebl
Todo apreciador de boa música sabe da importância dos dois primeiros discos da banda britânica Iron Maiden, pois bem, o front man destes dois clássicos, Paul Di’Anno está novamente em turnê pelo Brasil. Num ato de força, coragem e persistência, Paul resolve cair na estrada para uma de suas mais extensas turnês pelo país, ultrapassando de 30 shows, detalhe, atualmente ele é cadeirante, passou anos tentado se recuperar de problemas relacionados as suas pernas. Paul aproveitou os excessos da vida Rock’n’Roll sem limites e hoje luta contra seus demônios, que são levados de forma divertida, pelo menos no palco, fazendo piadas e dando risada sobre sua atual situação física. Agora vamos aos acontecimentos da noite.
O evento enalteceu com a abertura de duas bandas, Electric Gypsy e Noturnall. Com um pouco de atraso os meninos da Electric Gypsy entram no palco do Teatro Bom Jesus fazendo jus a abertura da turnê. Deram uma verdadeira aula de hard rock, carisma e profissionalismo, com impecáveis solos de guitarra, bateria e baixo, impossível destacar apenas um dos músicos, todos foram simplesmente fantásticos. A banda lembrou a época hard rock curitibana que permeava em meados dos anos 2000, quando fazíamos apresentações com a banda Sabre, época muito divertida. Destaque para as músicas “More Than Meets the Eye”, “Shoot’em Down” e o impecável cover “Hot for Teacher” do Van Halen. Electric Gypsy tem tudo para estourar em um futuro próximo, vale a pena conferir suas músicas nas plataformas digitais.
A próxima atração ficou por conta da trupe do Thiago Bianchi, Noturnall. Como sempre fizeram um show pesado e elétrico, Thiago sempre muito empolgado com seu tênis de luz, várias vezes saia do palco em caminhava por entre as pessoas e sobre as cadeiras do teatro cativando o público. Um pequeno problema no microfone do Thiago aconteceu, mas nada que prejudicasse a performance da banda. O repertório teve os clássicos do grupo e covers do AC/DC e uma versão metal de “O Tempo Não Para” do Cazuza. O som estava ótimo e contou com um telão sincronizado, dando um up ao show.
Antes da atração principal entrar no palco, Thiago Bianchi deu um show motivacional, comentando sobre a atual situação de Paul e sua vontade de continuar na estrada mesmo em condições desconfortáveis e desfavoráveis. Logo após algumas palavras ele chamou ao palco o escritor croata Stjepan, conhecido por escrever livros do Iron Maiden, responsável por ajudar Paul em seu tratamento e também por ajudar Paul a se reaproximar dos antigos membros do Iron Maiden. Ele pegou no pé das pessoas que adquirem merchandise pirata, vendidos fora do evento, que acaba não ajudando em nada os artistas.
Enfim, a noite ainda estava aguardando a lenda viva para dominar o palco do teatro, eis que “The Ides Of March” ecoa nas caixas. A banda de apoio contou com os músicos no Noturnall, além de Nolas (Electric Gypsy) e Chico Brown (filho de Carlinhos Brown, neto do Chico Buarque) nas guitarras. Paul Di’Anno, aos 64 anos de idade é trazido ao palco pelo seu fisioterapeuta e sua enfermeira que estão viajando junto para tratar o menino Paul. “Wrathchild” é o ponta pé inicial e leva os fãs fervorosos ao delírio. Na sequência a bela “Santuary”, seguindo a clássica “Purgatory” que teve alguns pequenos desencontros, no final Paul se desculpou, mas nada comprometeu a música.
Segue o baile com “Drifter” e “Rue In a Rue Morgue”. Paul sempre muito engraçado fez muitas piadas sobre seu condicionamento físico, dizendo que não iria mais jogar bola, que tinha muita dor na bunda, brincava com sua água de coco proferindo que a amava e que não podia mais tomar bebidas de álcool e nem usar drogas, finalizando as frases sempre com um belo fuck! Inclusive, em uma chamada de Paul, ele fez sinal para sua assistente tirar uma almofada de suas costas, assim que retiraram ele fez uma cara de alivio, e uma sonda apareceu do lado esquerdo, mostrando que sua situação é delicada.
Seguimos ao show, “Remember Tomorrow” foi dedicada ao Clive Burr (ex-Iron Maiden) falecido por complicações relacionadas a esclerose múltipla. A faixa instrumental “Ghengis Khan” deu tempo para Paul fumar um cigarro (nem todos os seus vícios não foram cortados). “Killers” e Charlotte The Harlot” na sequência fizeram parte do espetáculo. Paul, várias vezes disse que sua casa era o Brasil e mandava um belo fuck para a Inglaterra. Também em umas das aclamações da plateia, Paul fez gestos para pararem de gritar seu nome, dando a entender que ele não era a mais que ninguém ali presente, disse que era um cara simples, que amava sua família, amigos, música e o público.
Mais um respiro para o tio Paul, “Transylvania” foi executada, seguindo “Phantom of the Opera”, impossível não relembrar o VHS que assistia o Maiden se apresentando um show do Ruskin Arms. Seguindo, “Running Free” o público interagiu de forma voraz e para encerrar a noite, os dois clássicos “Prowler” e “Iron Maiden”. Ótimos shows, uma noite memorável, onde pudemos conversar e encontrar grandes figurões da cena, pessoal das bandas, Paulo Baron, Stjepan, enfim, uma baita festa, pena o local não vender cerveja!
Gostaria de agradecer aos amigos do Na Mira do Rock, ao pessoal da Estética Torta pelos ingressos, minha irmã Fernanda, meus amigos Marlon, Wagner, Clovis (Acesso Music) por me acompanharem nesse evento. Deguste Rock, na Mira do Rock!