DADO E BONFÁ – AS V ESTAÇÕES
Dupla da Legião Urbana tocou no Araújo Viana e no coração de quem estava lá.
Por Márcio Rockissimo
A noite do dia 28 de julho de 2023 vai ficar na memória de muita gente: depois de um show adiado de junho, por problemas de saúde do baterista Marcelo Bonfá, as V Estações – mescla de As Quatro Estações e V, icônicos discos da Legião Urbana – desembarcaram em Porto Alegre.
Ingressos esgotados, público saudoso e banda afiada. Os músicos Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá se reuniram com André Frateschi (vocal), Pedro Augusto (teclados), Lucas Vasconcellos (guitarra e violão) e Mauro Berman (baixo e direção musical) para excursionar pelo país tocando as músicas dos dois álbuns já citados da icônica banda que os dois foram formadores – junto com Renato Russo e Renato Rocha, ambos já falecidos. Com meia-hora de atraso, as luzes de apagam e o gritedo começa. Músicos tomam seus lugares e empunham seus equipamentos, quando, depois de todos, Dado e Bonfá aparecem como legítimos “donos da coisa toda”. Shows no Araújo Viana são para cerca de três mil espectadores sentados e alguns em pé nos “corredores” (um truque pra se vender Premium, Plateia Inferior, Superior, em pé e sentado) e, sexta, não foi diferente. Mas, aos primeiros acordes de Há Tempos, TODOS em pé ficaram e em pé permaneceram até Metal Contra as Nuvens – tocada quase duas horas depois.
Pois bem, seguem palavras de um emocionado fã e que sabia tocar todas, todas mesmo, as músicas de As Quatro Estações no violão. Sim, eu fui por muito tempo o chato do churrasco.
Depois de Há Tempos teve Meninos e Meninas, seguidas de Sereníssima. Na boa, impossível a noite ser ruim. Precisaria haver muito esforço para que algo desse errado. Que bom que ninguém se esforçou.
No repertório teve músicas clássicas de outros discos: Eu Sei, Quase Sem Querer, Faroeste Caboclo (incrível como ouvir a música sendo tocada pela própria banda soou diferente, linda); Dado cantou Sete Cidades, Índios e Quando o Sol Bater na Janela do Teu Quarto. Bonfá também se aventurou nos vocais em Teatro dos Vampiros, Por Enquanto (incrivelmente bela com os efeitos de teclado) e Se Fiquei Esperando Meu Amor Passar. Mas chamou mesmo a atenção quando se perdeu no tempo de bateria na música, olhem a ironia, Tempo Perdido. Galera se olhou no palco, deu uma segurada e tals… engataram a quinta e seguiram em frente, “ninguém” notou. André Frateschi tocou gaita duas vezes, bateria e interpretou as canções com um coração gigante. Sabedor de seu papel de representatividade no palco, deu o melhor de si e, confesso aqui, encantou com sua voz, seu estilo e sua versatilidade. Emoção pura. Aliás, o público recebeu o máximo de todos no palco. Foi uma experiência surreal. Ainda teve Soldados, Pais e Filhos (com participação do filho de Bonfá) e o encerramento com um palco lindíssimo com Monte Castelo. Galera não arredou o pé e, claro, voltaram com Metal Contra as Nuvens, um hino. Depois sim, show encerrado com a certeza de que a emoção ainda vai durar muitos e muitos dias na memória de quem lá esteve.
