Julia Lage – Entre os astros do Rock’N’Roll, Smith/Kotzen, Vixen – parte II
Foto: Mark Weiss Photography
Por Elias Scopel Liebl
Julia Lage é baixista, cantora e compositora, já participou aqui no Brasil da banda sertaneja “Barra da Saia” e, atualmente, mora nos Estados Unidos com seu marido, Richie Kotzen (“Mr. Big”, “Poison”, “The Winery Dogs”…). Em 2022, ingressou na clássica banda americana de hard rock “Vixen”, também fez a turnê com o projeto solo do seu marido, junto com o icônico guitarrista Adrian Smith do Iron Maiden, no chamado “Smith/Kotzen”. A lista de bandas, projetos e jams é gigante. Em 2020, tive o privilégio de bater um papo com a Julia e agora depois de quase três anos estamos aqui novamente para a parte dois, e que venham muitas mais. Se deliciem com esse belo bate-papo.
Elias Scopel Liebl: Julia, tudo bem com você? Muita correria pelo visto, quando entrei em contato, você estava no Japão, conte qual era dessa viagem rumo a terra do sol nascente?
Julia Lage: Olá Elias, tudo bom? Aqui é Julia Lage. Prazer estar aqui de volta com vocês e bater aquele papo de sempre. E sim, quando entrou em contato comigo eu estava no Japão, e foi a primeira vez que eu fui pro Japão. Incrível, lugar incrível, comi muito (risos), aproveitei muito, mas não fui a trabalho, na verdade fui acompanhar meu marido à trabalho, ele toca na banda The Winery Dogs, eles tinham alguns shows lá, acho que foram 5 shows. Como nunca tinha ido pro Japão, aproveitei pra ir junto com ele assistir os shows e tirar umas férias né (risos). Então, foi isso que fui fazer no Japão, e sim, tá uma correria aqui e ali, mas correria boa, não tem como reclamar. Vamos partir pras perguntas!
Elias: Vamos voltar lá para o início da sua carreira. Quando você percebeu que a música se tornou uma ocupação profissional em sua vida?
Julia: Na verdade descobri cedo, porque eu já estava tocando baixo fazia uns 2, 3 anos e eu fui chamada para uma audição de uma banda de sertanejo, a Barra de Saia, fiquei lá por 13 anos. Fiz a audição e acabei entrando na banda, isso eu tinha 17 anos, era a mais novinha no momento, aliás, sempre fui a mais novinha na banda. Assim, a partir do momento que eles me contrataram para entrar na banda, eu entendi que minha profissão era aquela. Pra mim foi uma transição muito natural, porque já tinha contato com a música há muitos anos, eu comecei a descobrir música e instrumentos quando eu tinha uns 6 anos de idade. Minha mãe me colocou em uma escola que levava a música muito a sério, as artes no geral. Eu tinha acesso a violino, percussão, kantele, flauta, tinha violão em casa, sempre fui muito musical e na minha escola tinha um coral, um coral muito bacana, muito bom, da escola Rudolf Steiner, é um coral muito renomado, inclusive. Eu fazia parte dos sopranos, cantamos músicas bem elaboradas, a gente cantou Carmina Burana a peça toda. Então, era um coral muito legal. Sempre fui muito exposta a música, não somente na parte instrumental mas também de canto, aí quando to com 17 anos eu entro na banda, começa a ter show e tudo mais. Bom, eu já estava na idade de pensar no que fazer da vida, então foi aí que eu decidi: “vou ser musicista”. A dúvida era musicista, veterinária e psicóloga (risos) e a música caiu no meu colo.
Elias: A experiência com o grupo “Barra da Saia” deve ter proporcionado uma bagagem inicial muito grande para você, como foi deixar o sertanejo e se dedicar exclusivamente ao Rock’n’Roll?
Julia: Pois é, eu realmente adquiri uma grande bagagem nesses 13 anos de Barra de Saia, tocando sertanejo, uma bagagem específica né, porque a gente fazia muita festa de rodeios, muitas rádios locais, eu morava em São Paulo então a gente fez programas grandes né como Faustão e tocamos na Avenida Paulista para 2 milhões de pessoas, teve uma época que a Hebe Camargo era nossa madrinha, a gente teve uma nomeação para o Grammy Latino em 2007, mas tudo isso com o tempo, fui adquirindo essa bagagem, fui entendendo como me portar, me posicionar, fui aprendendo as coisas profissionais, o lado profissional e pessoal de estar em uma banda. Quando eu saí eu realmente percebi que a jornada de 13 anos que tive me ajudou muito a entender como eu sou como musicista e como profissional, porque eu aprendi muito do que fazer e do que não fazer, como não agir profissionalmente mesmo. Eu era a mais novinha da banda, eu era uns 12 anos mais nova que as meninas na época, eu era realmente bem inexperiente, e não sabia até onde eu podia por meu limite de coisas que eu aceitava ou não aceitava, eu achava que tinha que fazer tudo, ficar na minha e obedecer. Mas, não sabendo também me portar e reconhecer meu valor, mas isso vem com a maturidade, quando eu saí da banda 13 anos depois eu já estava madura o suficiente pra entender meus limites, as coisas que eu queria e não queria fazer, não queria me expor a certas coisas. Foi aí que o rock’n’roll entrou na minha vida, porque eu comecei a tocar rock’n’roll quando era adolescente, eu peguei o baixo pra aprender rock’n’roll. E quando voltei pra casa e vim para os Estados Unidos, começaram a me contratar pra tocar rock’n’roll. A transição para mim foi muito tranquila, mas foi tranquila pelo fato de ser madura o suficiente pra saber das coisas que eu queria e do que não queria pra mim também, o que faz parte do lado profissional que é positivo e do que não é. Isso foi o que aprendi, a transição então foi tranquila pra mim.
Elias: Quais são suas maiores influências musicais? E como é conviver com um músico tão emblemático como o Kotzen?
Julia: Minhas influências musicais são das mais variadas possíveis assim, obviamente vindo do Brasil, ouvi sempre muita música brasileira, a música sertaneja sempre tava ali muito comigo. Cresci ouvindo música clássica: Mozart e Beethoven, porque eu tocava flauta transversal e eu tocava música clássica, então convivi muito com música clássica. Quando fiz ali meus 13, 14 anos comecei ouvir muito Rock’n’roll, então as bandas que estavam tocando na época na rádio, tinha Aerosmith, Guns N’ Roses, enfim, essas eram as músicas que eu lembrava mais de quando eu era adolescente eu ficava mais empolgada, e depois aos poucos Rush, Police, comecei a desbravar mais a coisa do instrumental, comecei ouvir mais música instrumental também, meio progressiva, uma variedade um pouco grande de influências.
Conviver com um músico tão emblemático aqui em casa é muito bacana, porque na verdade é uma inspiração pra mim né. Ele não se contenta em ter uma ideia, por exemplo, uma ideia musical e não sair gravando, ele tem que registrar, ele registra e no dia seguinte ou no mesmo dia ele vai pro estúdio e grava, faz a letra, faz o arranjo e termina, e lança e é isso aí (risos). Não tem tempo ruim, ele é uma máquina mesmo, então pra mim é muito inspirador, porque eu também como compositora, muitas vezes eu componho a música, vou pro estúdio, gravo, tenho tudo gravado, tenho a demo lá, com letra, melodia, instrumentos, só que eu não termino né, eu fico numa insegurança às vezes ou eu fico pensando muito ali, gostei ou não gostei, então estando com ele me inspira a finalizar as minhas coisas e, não ficar pensando muito sabe. Se a música tá terminada, então você senta e vê o que precisa regravar aqui de novo, o que precisa cantar melhor, dar uma olhada na letra se precisa melhorar, então o aspecto de ser casada com alguém assim, é uma inspiração mesmo. Não tem barreiras, não tem limites, onde só a gente tá pondo limites, onde eu ali tô colocando barreira na música pra não lançar, eu to colocando meu limite pra não cantar certa coisa, e nesse aspecto ele me inspira também, o limite é a gente que decide (risos). E eu gosto de pensar que não tem barreira, que você pode experimentar tudo o que você quer fazer na sua música, você pode testar sons novos, letra nova, melodias diferentes, e que a beleza é essa né, ser criativo e não ter medo de ouvir que as pessoas não entendam a música ou não consideram aquilo rock’n’roll ou o que seja, até porque eu não gosto de pensar que vou ser taxada de alguma coisa, “ela é só rock’n’roll” ou “ela é só sertaneja”. Enfim, eu sou a Julia que tem variedades dentro da minha inspiração e eu gosto de compor músicas com vários diferenciais, pode ser rock’n’roll, pode ser sertanejo, pode ser mpb, então eu gosto de pensar que o céu é o limite, digamos assim.
Elias: Em outra oportunidade perguntei a você sobre os vários músicos que conheceu e com quem dividiu o palco, repito a pergunta, pois passaram quase três anos e vi que sua lista aumentou bastante, quais foram os mais legais, conte sobre essas experiências? Richie Kotzen não vale (risos).
Julia: Realmente, nesses anos todos de Los Angeles, eu moro aqui faz 12 anos, acabei tocando com músicos que eu jamais imaginaria né, não só profissionalmente mas também em Jams, então, Nuno Bittencourt, Steve Vai, Steven Lukater, o próprio Richie Kotzen obviamente, mas recentemente eu toquei, fiz uma gig de baixista né pro Adam Lamber, que é o vocalista do Queen, e foi uma experiência incrível. Até porque o show foi nas Maldivas, então foi uma experiência muito gratificante, e obviamente a banda do Smith/Kotzen que é com o Richie Kotzen e o Adrian Smith do Iron Maiden, tocar com o Adrian é uma coisa que eu jamais imaginaria, quanto mais tocar na banda dele, no projeto dele, então assim, a gente teve nosso último show na Inglaterra, e a última música a gente teve a participação especial do Nicko Mcbrain, baterista do Iron Maiden, que também fez a Jam com a gente ali e foi incrível pra mim, eu olhei pro meu lado tinha o Adrian Smith, o Nicko atrás tocando bateria e o Richie do meu lado, e a gente tocando uma música do Iron Maiden, que é a música do Adrian, então assim foi muito marcante, certamente.
Elias: Como foi sair em turnê com o projeto Smith/Kotzen? Deve ser algo surreal.
Julia: Então continuando sobre o projeto Smith/Kotzen, quando eu to trabalhando com alguém, seja quem for, obviamente tem aquela hesitação, “Nossa Senhora com quem eu to tocando” e coisa e tal, mas é a parte profissional que embarca primeiro ali, então apesar de ser uma coisa emocionante e tudo mais, quando você tá ali no ensaio convivendo com eles, viajando ou no próprio palco, a minha cabeça é de músico ali, de fazer um trabalho bem feito e de fazer o show funcionar direito, então não tem aquela coisa, aquele frio na barriga e tal. Normalmente, eu entro nesse “mode” e quando acaba o show ou se eu assisto algum vídeo ou algo do gênero, eu falo “nossa, que demais, olha o que eu conquistei, olha o show que toquei, to trabalhando com essas pessoas”, mas quando tô ali na hora do trabalho mesmo, a coisa ídolo e fã não acontece, é músico pra músico, patrão e empregado e fica por ali. Mas trabalhar com ele foi incrível e é incrível, eu já conhecia faz um tempo porque eles são nossos amigos, obviamente, a esposa do Adrian é nossa amiga, então a gente já tinha frequentado a casa um dos outros, festa de fim de ano, natal. aniversários, a gente faz normalmente uma Jam na casa deles, na casa da Nathalie. Inclusive foi aí uma das ideias que ela teve, de falar “por que vocês não fazem um projeto juntos?”, porque a gente sempre fazia essa Jam e funcionava muito bem, então foi muito bacana ver esse projeto no final das contas se concretizar, sair da ideia e virou 2 álbuns. Teve o álbum ao vivo onde sou eu no baixo e pra mim, é a parte que eu fico emocionada, que eu vejo o reconhecimento e o produto final ali do que foi a turnê que a gente fez e que, se Deus quiser, no futuro eles retomem, é que a agenda dos dois é cheia né mas, quem sabe em um futuro próximo eles vão retomar.
Elias: Como foi ingressar para a banda Vixen? E a aceitação, tanto do público, quanto do resto das meninas foi tranquila?
Julia: Também não posso deixar de falar das meninas da Vixen, porque a Vixen é uma banda feminina que tá aí na ativa desde os anos 80, com um hard rock de músicas que eu sempre curti muito, e o fato de agora eu ser parte da banda e poder contribuir com as meninas e tocar as músicas da Vixen todos os shows, é uma coisa surreal e super gratificante, me sinto privilegiada de poder fazer parte. Então, tem vários momentos doidos que acontecem aqui e, se Deus quiser, terão ainda muito mais.
Elias: Como foi tocar com Vixen no Brasil? E há planos para uma próxima turnê com por aqui, com o Vixen, Smith/Kotzen ou algum outro projeto que você participa?
Julia: Ir pro Brasil com a Vixen foi pra mim muito emocionante porque, obviamente não só por estar tocando em uma banda com a Vixen mas eu tava tocando no meu país né, e foi a primeira vez que a banda tocou no Brasil, por incrível que pareça elas nunca tinham ido pro Brasil tocar, então tá lá com elas no palco, com a brasileirada toda cantando as letras, foi pra mim uma emoção muito grande, certamente. Agora, planos de voltar, provavelmente, a gente tá querendo aí abrir outras portas de outros países e outras oportunidades, então se a oferta certa aparecer a gente mais do nunca gostaria de voltar, porque a plateia brasileira é uma das melhores que existe, não vou negar (risos). Assim, e com os outros projetos também né, todo mundo quer trabalhar, ir pro exterior e tocar em países como Brasil, onde o pessoal é caloroso e canta as letras, a gente se sente fazendo a melhor coisa do mundo no palco, com as pessoas cantando junto com você, interagindo com você, e a plateia brasileira nesses aspectos é a melhor que tem, não tem dúvida.
Elias: Há planos para um novo disco de estúdio da Vixen?
Julia: A Vixen agora tá focando em divulgar o single que a gente lançou, chamado Red, que tá divulgando a nova formação, comigo no baixo, a Lorraine Lewis no vocal, Britt Lightning na guitarra e a Roxy Petrucci na bateria. Então, a gente tá aí promovendo o single, aí obviamente, futuramente, quando tiver uma quantidade boa de músicas e músicas que a gente ache que vale a pena, a gente pensa em conversar pra lançar um álbum né. Por enquanto, a gente tá focada nessa música nova, Red.
Elias: Quais são as maiores dificuldades de sair em turnê? Conte-nos alguma curiosidade ou caso inusitado que marcou a vida na estrada?
Júlia: Eu acho que as maiores dificuldades, pra mim principalmente, com a Vixen a gente viaja muito de avião né, e a gente não faz aquela turnê típica de um mês e volta pra casa, a gente acaba fazendo muitos shows de finais de semana e tal, então você sai um final de semana pra tocar 2, 3 shows, vou pegar aí no mínimo de 6 a 8 voos, então é muito tempo no ar muito tempo voando, fazendo conexão, porque a gente vai muito pro meio do país, então nunca tem voo direto, então essa coisa de viajar desgasta muito né, e acordar cedo, obviamente, às vezes tem que acordar 4 da manhã pra viajar, aí teve uma noite mal dormida, porque acaba o show, você tá com adrenalina e tem que dormir, às vezes não dá pra dormir. Essa falta de sono, falta de constância e muita viagem, tem um desgaste físico muito grande e você caba as vezes, por exemplo, na voz, no meu caso na lombar, no pescoço, do seu corpo começa a desgastar mesmo. Então, o desgaste físico que o pessoal às vezes nem pensa, eu falo assim, músicos são atletas que nunca param de trabalhar, se aposentam porque a gente tá sempre ali viajando, carregando coisa pesada,desgasta o corpo no palco, e não tem descanso né. Mas, o momento bom e gostoso é o momento do palco, de falar com os fãs, essa parte é muito boa, muito gostosa, mas é a parte curta da jornada, porque as vezes você demora 3 dias pra fazer um trabalho e o show mesmo são 75 minutos (risos). Você tem que gostar muito do que faz, porque eu acho difícil a coisa da viagem mesmo e da falta de sono.
Momento inusitados já aconteceram, lembro que uma vez eu tava viajando com o marido, inclusive, acompanhando um show dele, aí depois a passagem de som, aquela coisa, tem que esperar, eles falam aqui brincando “hurry up and wait”, que é “vai logo e espera”, né, tem que sempre tá correndo e aí você chega e tem que esperar, às vezes horas naquela espera e monotonia. Aí lembro que ele passou o som, e a gente foi pra um bar, do lado da casa de show ali e aí encontramos o Will, vocalista do Alice in Chains sentado no bar lá, a gente começou a trocar ideia e foi uma coisa completamente inusitada, que a gente jamais esperaria que acontecesse. Tem mais momentos, provavelmente, mas um que aconteceu que eu achei muito surreal foi esse.
Elias: Você é muito ativa nas redes sociais, até que ponto você acha que essa interação com os fãs é válida? E as receitas da cozinha maluca que você, Kotzen e amigos eventualmente fazem funcionam mesmo (risos)?
Júlia: Redes sociais eu acho até que não sou tão ativa assim, sinceramente, porque conheço pessoas bem mais ativas (risos), mas eu acho bacana essa troca com os fãs, essa possibilidade de ter essa troca, eu tenho pessoas que me seguem que são incríveis, raríssimas vezes tem alguém que fala alguma bobagem, mas a maioria das pessoas ali acompanham meu trabalho, gostam das minhas músicas e me apoiam mesmo. Então, eu gosto muito dessa troca, tem inclusive fãs que viraram amigos, e eu acho importante porque eles são a prova viva que seu trabalho está gerando resultado, acho a troca muito importante. Não me importo com essa exposição em rede social, até porque eu não exponho tudo né, e eu lembro que comecei com Instagram, com a coisa de postar os momentos, mais por causa da minha mãe, porque ela no Brasil ali e eu nos Estados Unidos, queria mostrar pra ela um pouco mais do meu dia a dia e tudo mais, e eu acaba postando no Brasil, deixei aberto e nunca pensei “ah vou deixar privado só pra ela ver”, nunca pensei nisso, até porque não tô mostrando nada demais, minha vida é óbvia, é aberta no caso (risos), sou casada com Richie Kotzen, então não tenho que ficar necessariamente escondendo meu marido de relação, porque tem gente que mantém a rede social pra uma coisa só profissional, só que o meu profissional é meio misturada com pessoal porque eu toco na banda do Smith/Kotzen, do meu marido, já toquei com ele no passado e ele é uma figura pública né, acaba que o que exatamente vou esconder no meu Instagram né (risos), não tenho filhos, tenho só um cachorro. Claro, não sou um livro aberto, mas acho certas coisas tranquilas de mostrar e mais uma vez, as pessoas que me seguem nas redes sociais são sempre muito gentis e muito carinhosas, então até é tudo positivo.
Então, essa coisa de cozinhar, fazer receita com o marido e amigos, você deve tá falando do Bass N Bake né, na verdade na quarentena foi quando tava tudo obviamente fechado, e aquele tédio bateu né e a gente não podia mais viajar e tocar, e eu comecei a cozinhar e gravar as receitas e tal, e um dia eu postei no Youtube e a galera rachou o bico, porque eu fiz uma edição engraçada, e errei a receita completamente mas acabei arrumando no final, aí falei “vou fazer mais episódios desse”, e eu criei o Bass N Bake, uma série com 9 episódios no Youtube, e aos poucos fui recebendo amigos em casa e fazendo receitas com eles, e as receitas dão certo (risos), ficam gostosas e o processo é aquilo que tá lá, engraçado, dá errado, as vezes é que eu tenho uns amigos engraçados e a gente acaba fazendo a festa ali, mas as receitas dão certo!! (risos)
Elias: Como está sendo absorver tanta informação de grandes músicos que te cercam, isso com certeza vai refletir num próximo disco solo? Já tem planos para novo material?
Júlia: Olha, realmente eu tenho uma gratidão imensa e me sinto muito privilegiada mesmo de poder conviver com músicos desse calibre né, as vezes só bater um papo com eles, falar um oi, tomar um drink, ou até mesmo fazer parte de um projeto, de pessoas, de músicos que fizeram e ainda fazem história no meio musical, não tenho palavras. Eu realmente tento aprender o máximo com eles né, porque eles são meus ídolos, minhas inspirações e, certamente, nos meus projetos solo, de alguma maneira eles vão ter me influenciado. O que eu vejo em todos eles, claro que todos nós como seres humanos temos nossas barreiras, nossos limites, só que isso não impediu nenhum deles de continuarem e de seguirem a carreira que eles queriam, a música que eles queriam, o plano que eles tinham. Então, não interessa a sua limitação, eu acho que o lance é você seguir sua paixão e pensar positivo, fazer isso funcionar, não vou pensar no meu limite, vou pensar na maneira de como fazer isso funcionar. Tá aí, pessoas quebrando barreiras, criando estilos de música, criando estilos de tocar e criando história. Sim, de alguma maneira, nos meus próximos projetos vai ter influência, inclusive, minha próxima música/single, vai sair dia 11 de janeiro de 2024, a música se chama The Ride, tem participação do Richie Kotzen nas guitarras e participação de uma pessoa que admiro muito, músico que fez história no grunge, acho que ele é uma pessoa incrível, não só profissional mas a alma dele, que é o Doug Pinnick, da banda Kings X, e que se você gosta de Alice in Chains tem que agradecer ele, por exemplo sabe, porque ele foi o precursor. Ele tá fazendo participação na voz na minha música, e eu to assim, mais empolgada que uma criança que ganhou uma bicicleta (risos). Então tá aí, pra responder sua pergunta, sim e de uma maneira bem óbvia, um dos meus ídolos, os meus ídolos me influenciando e participando do meu próximo projeto, que vai ser The Ride, a música/single, e depois em seguida, vou lançar mais alguns singles e a ideia é finalizar o álbum e lançar, em 2024, o álbum todo.
Elias: Obrigado pelo bate-papo e pelo ótimo trabalho que você vem realizando. O espaço é todo seu.
Júlia: Elias, muito obrigada pelo espaço mais uma vez você e o Deguste Rock!
Realmente, o rock é uma cultura, um estilo musical que vem transformando minha vida, e vem fazendo minha vida ser o que é, e proporcionando momentos tão incríveis na minha vida, e eu sei que na de muitas pessoas também, os ouvintes do rock e pessoas que trabalham no mundo do rock, então obrigada pela coluna e espaço. Acompanhe meu trabalho, quem tiver curiosidade, meu nome é Julia Lage, sou baixista e compositora, tenho alguns trabalhos solos já, mas se você me seguir no Youtube, no Spotify, Instagram e redes sociais no todo, muito em breve tô lançando meu novo single The Ride, e o álbum vem em 2024, então fica aí a dica! Vamos trocar uma ideia nas redes sociais, beijos para todos vocês e obrigada mais uma vez Elias, abraço!