DISCOS INJUSTIÇADOS II

DISCOS INJUSTIÇADOS II

Por Elias Scopel Liebl

Algum tempo atrás falei de três discos injustiçados: Bruce Dickinson – Skunkworks (1996), Black Sabbath – Born Again (1983) e Metallica – Load (1996), álbuns muito criticados pelos fãs. Pois bem, muitas vezes com a intenção de inovar, a mídia especializada e fãs mais céticos acabam não perdoando mudanças. Partindo desse pressuposto, o disco tão injustiçado já foi amado por muitas pessoas, inclusive pelos seus idealizadores. Quem nunca gostou de um disco que ninguém dá a mínima? Nesta semana, vou falar de mais alguns álbuns injustiçados pela massa. Obviamente, não é uma verdade absoluta e muitos irão discordar. Cada um com sua opinião!

HELLOWEEN – PINK BUBBLES GO APE (1991)

Eis um álbum sobre o qual, já de início, terei que discordar da maioria dos críticos. O quarto álbum do grupo marcou a saída de um de seus mentores, Kai Hansen. A entrada do guitarrista substituto, Roland Grapow, deu à banda um novo ar, um pouco diferente do que vinham fazendo em seus discos anteriores. O resultado não agradou aos fãs mais céticos, o mesmo aconteceu com o álbum seguinte, Chameleon. Mas a grande sacada foi o grupo sair um pouco do power metal tradicional, para um som um pouco menos energético e limpo. Poderia citar o disco todo como um belo trabalho, mas vou me ater às faixas mais conhecidas: “Kids of the Century”, composta pelo vocalista Michael Kiske, uma canção poderosa e com melodias belíssimas; “Number One”, composta pelo guitarrista Michael Weikath segue na mesma linha, riquíssima em melodia vocal, uma característica do grupo; e destaco ainda a balada “Your Turn”, imperdível. O ponto fraco desse disco é a produção, pecando na qualidade final da gravação. Um disco injustiçado por muitos, por mim não.

IRON MAIDEN – THE X FACTOR (1995)

Décimo disco de estúdio da fenomenal banda britânica, o disco foi marcado pela estreia de um novo vocalista na época, Blaze Bayley. Me sinto até um pouco desconfortável em listar ele como injustiçado porque tenho uma relação afetiva muito legal com esse disco, aquela fase adolescente em que você descobre uma banda. Nostalgia à parte, esse disco é muito injustiçado – juntamente com o próximo, Virtual XI, e por No Prayer for the Dying, de 1990, certamente o disco mais injustiçado de toda carreira do grupo. Nos três casos, eu discordo dos críticos em número, grau e gênero. Voltando ao The X Factor, o disco é um pouco sombrio, talvez pelo momento que vivia o líder e principal compositor, Steve Harris. A saída recente do vocalista Bruce Dickinson, a perda do pai, o divórcio tudo isso contribuiu para a sonoridade do material. Particularmente, eu vejo esse disco com composições de um nível de sinceridade muito grande, a banda se abriu e a partir desse material entrou em um novo método de compor, principalmente pelo tamanho das canções que de lá para cá ficaram mais extensas. Destaco: “Sign of the Cross” – que canção, minha gente, praticamente um épico, com menção ao livro “O Nome da Rosa”. Não posso deixar de citar “Man on the Edge”, “Fortunes of War” e a belíssima “Judgement of Heaven”. Deem uma chance para esse disco, esqueçam de Bruce por alguns minutos e degustem, vale a pena.

SEPULTURA – AGAINST (1998)

Queridinhos do metal nacional, os brasileiros do Sepultura viviam o auge, prontos para permanecer entre as maiores bandas do mundo, quando lançam a bomba: o líder do grupo Max Cavalera deixa o grupo, que choque. Praticamente o mesmo esquema do Iron Maiden. Against, sétimo disco de estúdio do grupo, agora com o vocalista Derrick Green, manteve o experimentalismo característico do grupo – que é de sempre seguir em frente nas inovações, sem deixar de lado o peso e agressividade. Nesse material temos composições que vagueiam por ritmos brasileiros, japoneses, algumas coisas mais simples do hardcore, mas sempre tudo muito groovado. O disco contou com a participação do João Gordo, dos Ratos de Porão, Jason Newsted, que na época ainda era membro do Metallica, além dos percussionistas japoneses Kodo, que levam a tradição de tocar os tambores de pai para filho. Os destaques musicais são: “Against”, “Choke”, “Tribus”, “Reza” e “Hatred Aside”. Ouça sem pensar no passado do grupo. Deguste Rock!

Elias Scopel Liebl – Engenheiro agrônomo e apaixonado por boa música, Rock’n’Roll!

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