Sepultura em BH – 01/03/2024

Sepultura em BH – 01/03/2024

Por Leandro Duarte

Antes de mais nada, esse texto não se direciona a pessoas que leem resenhas em busca de termos técnicos, falas sobre instrumentos, riffs, etc. Esse texto foi escrito por um humilde fã do Sepultura, cujo coração e emoção estavam a mil naquela noite. Falarei apenas sobre a minha experiência de estar ali. Setlist, detalhes técnicos do show, cenários, etc, ficam para ser comentados em outro texto, outro dia.

Eu comecei a ouvir Sepultura exatamente no ano de 1996, com o álbum Roots, logo após a saída do vocalista Max Cavalera. Naquele tempo, eu fiquei extremamente desapontado com a atitude do referido cantor e guitarrista, que preferiu jogar fora todo o seu legado junto à banda em troca da companhia da empresária/esposa. Considerando que pai é quem cria, e não quem gera, vejo hoje Andreas Kisses, Paulo Xisto e Derrick Green como os pais da coisa toda. Não tenho saudade alguma dos irmãos Cavalera e, se dependesse de mim, tal reunião JAMAIS acontecerá. Acho melhor já deixar minhas opiniões muito claras logo no começo do texto, pois assim, as viúvas daquela versão da banda já podem parar por aqui mesmo e irem fazer outra coisa.

Já fazia alguns anos que eu não via a banda tocar ao vivo. Não sei os motivos, mas BH, cidade natal do grupo, não recebeu nenhum show solo da banda nas últimas turnês. Daí a minha profunda tristeza e decepção com aquele fatídico anúncio do dia 08/12/2023, quando a banda anunciou sua turnê de despedida. 

Comprei ingressos para os shows de BH (01/03), Juiz de Fora (02/03) e SP (06/09) e irei em quantos outros eu tiver condições, tanto de logística quando financeiras. Assim, terei todas as chances possíveis de me despedir da banda que eu tanto amo.

O show de BH foi muito importante pra mim. O primeiro da tour, depois de tanto tempo sem tocarem por aqui, na minha cidade, numa ótima noite sem chuva, em um local de fácil acesso e estacionamento e, ao lado da minha esposa. Minha companheira pediu pra ir comigo e se esbaldou: bateu cabeça, pulou, gritou e se divertiu bastante! Ficamos na pista premium, bem de frente para o palco e muito próximo da grade. 

Eu estava (e ainda estou) bastante chateado com a atitude do antigo baterista. Muita gente vêm dizendo coisas do tipo “o cara tem boletos pra pagar”, “é jovem e não pode parar junto com a banda”, coisas assim. Realmente eu não acho que ele deveria parar de tocar junto com a banda, obviamente, mas eu acho que compromisso assumido tem que ser cumprido. Acho que ele deveria ter ficado até o fim da turnê e, depois, fizesse o que quisesse da vida. Mas claro, não posso decidir nada por ninguém e ele tem suas razões. O que importa é que Greyson Nekrutman chegou com o gás total e está se esforçando ao máximo para entregar aos fãs do Sepultura uma baita experiência na turnê. E, apesar do pouco tempo para ensaiar, ele não fez feito de forma alguma. Bastante carismático, ele parecia estar se divertindo bastante. E música é diversão, não é mesmo?

A banda estava voando no palco. Derrick, Andreas e Paulo soam melhores do que nunca! Andreas, líder, conversou muito com a plateia, agradeceu várias vezes aos presentes e parecia estar muito feliz com o que entregara. Paulo, discreto com sempre, estava vibrante com seus baixos. Tocando muito bem, demonstrou o porquê de estar na banda há 40 anos. Só não falou nada com o público, mas demonstrou carisma com o seu instrumento. Derrick… Ah Derrick… Esse sim! O sujeito que mais “apanhou” ao longo dos 27 anos que está na banda estava ali, como um gigante (não apenas no tamanho, mas em atitude) e demonstrou mais uma vez os motivos pelos quais ele foi a melhor escolha possível para a vaga do antigo vocalista. Carismático e empolgado, cantou muito bem e levou todas as músicas com maestria! Ao fim da apresentação, fez com que eu outras centenas de fãs se emocionasse junto com ele: Derrick se pôs de joelhos para agradecer ao público e chorou. Sim, isso mesmo: chorou bastante. As lágrimas escorrendo pelo seu rosto e os olhos marejados eram visíveis a todos. Foi como se não acreditasse que sua jornada à frente da maior e mais importante banda do estio do Brasil estivesse chegando ao fim. 

Se esse show tivesse sido uma partida de futebol eu diria que foi uma vitória tranquila. “Torcida” jogando junto, em casa, noite inspirada da “equipe” (leia-se, a banda), time ensaiado e e que sabia direitinho o que tinha que fazer. Foi um espetáculo, na acepção da palavra. “One nation above all, founded on our faith”, já dizia a letra de Sepulnation

Recomendo fortemente que você, caro leitor, não perca a oportunidade de assistir a uma das apresentações dessa última turnê da banda. Se você gosta do Sepultura, você vai se emocionar tanto quanto eu me emocionei. 

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