Bruce Dickinson aterrissa no Brasil para shows solo depois de 26 anos, em Curitiba
Por Elias Scopel Liebl
Exatamente um ano após Bruce Dickinson excursionar pelo Brasil com a turnê “tributo” ao falecido tecladista do Deep Purple, Jon Lord (quem se interessar a resenha está aqui no site), eis que desta vez, após 26 anos, ele aterrissa no país para apresentar sua nova turnê solo, “The Mandrake Project”, visando tocar boa tarde de seus clássicos, focando nas músicas dos discos do final dos anos noventa “Accident of Birth”, “The Chemical Wedding”, “Tyranny of Souls”, o atual “The Mandrake Project” e também do disco “Balls to Picasso”. Todos shows aconteceram em meio a turbilhão de bandas que estão excursionando pelo Brasil, por conta, principalmente do festival “Summer Breeze”.
A turnê brasileira começou pela capital paranaense, especificamente na Live Curitiba, trazendo a banda de apoio “The House Band of Hell”, título esse usado para os primeiros shows secretos, que serviram de aquecimento para a nova turnê. Os músicos que acompanham Bruce são extremamente ótimos, carismáticos e interagem muito bem com o público. São eles, Dave Moreno na bateria, que inclusive já gravou outro álbum solo do Bruce, o tecladista italiano Mistheria, Tanya O’Callaghan no baixo, que também acompanhou Bruce no tributo ao John Lord e os virtuosos guitarristas Philip Näslund e Chris Declercq. Ainda não sabemos o porquê, mas Roy Z, produtor e fiel escudeiro de Bruce por muito tempo, não está participando da turnê.
Chegando ao local do show, percebemos que havia fila, mas nada muito demorado ou que comprometesse a entrada do público. Antes de entrar ao local do show, como de costume, encontrei velhos amigos, tomamos umas, conversamos e demos algumas risadas, era dia de ver o tio Bruce carreira solo meus amigos! A banda encarregada pela abertura foi “Clash Bulldog’s”, que entrou no palco pontualmente e fez seu show com músicas próprias e um cover do Metallica, “Enter Sandman”, também executaram “Anger Grows”, que na gravação de estúdio teve participação do ex-Iron Maiden, Blaze Bayley.
Assim que a banda de abertura deixou o palco, os preparativos para a entrada de Bruce e sua banda iniciou. Aparentemente, um cameraman fez algumas filmagens, tudo indica que algum vídeo oficial possa estar por vir. Estava indo para o bar buscar uma cerveja quando do nada encontro Jeff Walker, baixista e vocalista da banda Carcass, ninguém aparentemente o reconheceu, ele, muito solicito tirou uma foto comigo e com meu amigo Wagner, o restante da banda também estava lá curtindo o evento.
Enfim, em um local confortável perto do palco ouvimos ecoar os P.A. com a introdução, “Toltec 7 Arrival” e na sequência as guitarras de “Accident of Birth” tremem o local, quem viveu a fase Bruce solo nos anos 90 se emocionou com certeza. O refrão era cantado em coro por todos presentes. Quando “Abduction” no disco “Tyranny of Souls” começou era nítido no olhar das pessoas que essa seria uma noite inesquecível, Bruce não precisa provar nada, ele obteve sucesso em todas as bandas por onde passou, seja solo, no Iron Maiden, ou no Samson, sem contar em outras dezenas de projetos extra música, que carreira! “Laughing in the Hiding Bush” foi tocada com maestria e muito pressão, confesso que gostaria de ter visto no palco Roy Z e Adrian Smith, mas tudo bem, os guitarristas seguraram as pontas e provaram porque estão ao lado do chefe.
Agora foi a vez do disco novo dar as caras, “Afterglow of Ragnarok” fez jus a atual fase do grupo, caiu muito bem ao vivo. Uma das minhas músicas e disco favorito ganhou vida quando executada, “Chemical Wedding”, muito emocionado em presenciar essa obra sendo tocada ao vivo. Mais uma do novo disco, a belíssima “Many Doors to Hell”. Preciso fazer um destaque para dois músicos, a baixista Tanya e o tecladista Mistheria, que muitas vezes roubaram a cena do próprio Bruce. Chegou a vez da consagrada “Tears of the Dragon”, arrancando lágrimas de muito marmanjo. Posso dizer que essa canção já está na playlist de qualquer consumidor de boa música, Bruce sabe como dominar o palco e o público. Não faltaram as novas “Resurrection Men” e “Rain on the Graves” que foram apresentadas em sequência.
O show segue com o maluco cover chamado “Frankestein” do “The Edgar Winter Group”, nesse momento a banda toda mostra suas aptidões instrumentais, inclusive Bruce, que brinca com a percussão e o teremim, instrumento eletrônico que não precisa de contato físico, uma loucura. Os fãs cantam em uníssono ao som de “Gods of War”, abordando o tema da guerra, no telão imagens são exibidas da guerra de Sarajevo na época da guerra da Bósnia. Inclusive Bruce tem um documentário chamado “Scream for me Sarajevo” retratando alguns acontecimentos, o qual Bruce tem muita ligação. Inclusive, alguns dias atrás estava no show do Jethro Tull e a canção “Mrs Tibbets” tinha a mesma função no telão, imagens sobre as atrocidades da guerra. “The Alchemist” e “Darkside of Aquarius” derrubaram tudo na Live Curitiba, um pouco mais cadenciadas fizeram todos bater cabeça como meros adolescentes.
A banda sai do palco e o público pede bis. Bruce que agora é um cidadão curitibano, recebeu o título honorário alguns dias antes e não faria a desfeita de um belo bis, “Navegate the Seas of the Sun”, “Book of Thel” e a poderosa “The Tower”. Bruce Dickinson e banda receberam muitos aplausos e saíram do palco com a missão de dever cumprido, um puta show que ficará registrado na memória de todos que tiveram a oportunidade de assistir. Como eu sempre digo, mais uma aula bem-sucedida. Gostaria de agradecer aos meus amigos por mais uma parceria, Fuga (Na Mira do Rock) e Clovis (Acesso Music), MCA Concertos, meus amigos de longa data: Chiquinho, Marlon, Luciano, Wagner, Marino.
Deguste Rock, deguste Na Mira do Rock!