Aula de Clássicos, no Monsters of Rock 2025

Por Elias Scopel Liebl
Desta vez nossa jornada foi São Paulo, reunimos a turma da região meio oeste catarinense e caímos na estrada, 12 horas de viagem, 12 horas de show e mais 12 horas de viagem. Pela oitava vez no Brasil pudemos celebrar e prestigiar uma reunião de monstros do som pesado, agora comemorando 30 anos de Monsters of Rock no Brasil, com um line up de primeira: Stratovarius, Opeth, Queensrÿche, Savatage, Europe, Judas Priest e Scorpions, o evento aconteceu em São Paulo, dia 19 de abril, no Allianz Parque. O dia prometia chuva, felizmente o clima manteve firme praticamente até o final do evento. Comparado com outros shows no Allianz, como por exemplo o Iron Maiden, final do ano passado, que os dois dias estavam completamente lotados, no Monsters estava mais sossegado, casa cheia, mas não lotada o que facilitou a locomoção e a visibilidade para assistir os shows de forma tranquila.
STRATOVARIUS
A abertura do evento contou com o cativante grupo de power metal finlandês, Stratovarius, ainda pela manhã arregaçaram tudo. Para o espanto do vocalista Timo Kotipelto o público que já estava à espera da banda que iniciou o show às 11h30 da manhã. A grupo abriu o show com a bela “Forever Free” e deu sequência executando outros clássicos da mesma linha, destaque para “Eternity” do magistral disco Episode. O ponto alto foi a obra “Paradise” que fez o público cantar em coro a música do início ao fim. O grupo encerra o show com “Hunting High and Low” deixando os fãs com sorriso no rosto, uma ótima abertura para o evento.
Músicos:
Timo Kotipelto – voz
Jens Johansson – teclados
Lauri Porra – baixo
Matias Kupiainen – guitarra
Rolf Pilve – bateria
Setlist:
Forever Free
Eagleheart
World on Fire
Speed of Light
Paradise
Survive Eternity
Black Diamond
Unbreakable
Hunting High and Low


OPETH
Aqui está uma banda que até então não fazia parte das minhas audições, raramente Opeth caia nos meus ouvidos e por conta do festival dei uma chance, chance essa que se transformou em uma nova paixão. Estava empolgado para assisti-los ao vivo, e apesar de ser a banda mais diferente do festival eles deram um novo ar sonoro, e após a apresentação passei a admira-los ainda mais. Os suecos que misturam death metal, progressivo, entre outros elementos, demonstraram um excelente profissionalismo e maturidade no palco, nada de brincadeira, o quinteto simplesmente fez as suas maluquices sonoras com muita perfeição, sem medo algum. Destaque para as músicas “§1”, “In My Time of Need” e “Deliverance”, uma pequena ressalva para o baterista Waltteri Väyrynen que é um verdadeiro monstro no seu instrumento, jamais menosprezando os demais músicos. Um baita show, que com certeza conquistou novos adeptos.
Músicos:
Martín Méndez – baixo
Fredrik Åkesson – guitarra
Joakim Svalberg – teclado
Waltteri Väyrynen – bateria
Setlist:
§1
Master’s Apprentices
§3
In My Time of Need
Ghost of Perdition
Sorceress
Deliverance


QUEENSRŸCHE
Os norte-americanos do Queensrÿche chegaram cheios de carisma, principalmente o vocalista Todd La Torre, que deu um show à parte, mantendo a risca as características principais do timbre vocal do ex-vocalista Geoff Tate, mas ele foi além, mostrou que veio pra ficar e provou que é um dos melhores vocalistas do evento. As músicas de maior sucessos giram em torno dos discos “Operation: Mindcrime” e “Empire”, e elas foram executadas esplendorosamente, dando um belo presente para os fãs. Destaque, também, para a “The Warning”. Uma baita apresentação, com um pequeno defeito na qualidade do som, extremamente alto, principalmente a bateria, deixando o público um tanto quanto desconfortável, fora isso, mais um lindo show que ficará registrado em nossas memórias.
Músicos:
Todd La Torre – voz
Michael Wilton – guitarra
Mike Stone – guitarra
Eddie Jackson – baixo
Casey Grillo – bateria
Setlist:
Queen of the Reich
Operation: Mindcrime
Walk in the Shadows
I Don’t Believe in Love
Warning
The Needle Lies
The Mission
Nightrider
Take Hold of the Flame
Empire
Screaming in Digital
Eyes of a Stranger


SAVATAGE
Quem diria um retorno desses, e justamente aqui, no Brasil. Savatage, após muito anos de hiato retorna aos palcos fazendo seu primeiro show, e que show. Apesar da formação não contar com o lider Jon Oliva, por motivos de saúde, a banda estava bem amparada com Zak Stevens, Al Pitrelli, Chris Caffery, Johnny Lee Middleton, Jeff Plate e dois tecladistas novos, Paulo Cuevas e Shawn McNair. Assim que o palco foi liberado para o início do show, um rolo de cabo despencou do teto, caindo por sorte do lado do teclado, não causando maiores transtornos, foi uma correria no palco e por sorte ninguém ficou ferido. Até que tudo fosse resolvido passaram uns dez minutos e ai sim o show começou. Os teclados iniciaram com “The Ocean” e na sequência “Welcome”, aparentemente os músicos pareciam meio perdidos, talvez por conta de algum problema de som no palco, ou algo do gênero, mas foi questão de minutos até que tudo entrasse nos eixos e o show engrenasse. A apresentação teve clássico atrás de clássico, a majestosa “Jesus Saves”, seguida pela potente “The Wake of Magellan”, os americanos estavam com alegria estampada no rosto, imaginem os fãs. O show seguiu perfeito, o Zak chutando bolas de futebol para o público, e teve até uma senhorita que invadiu o palco, ninguém sabe da onde apareceu e ficou se enrolando para dar um mosh, sem sucesso, foi retirada do palco pelos seguranças. O ponto emocionante do show foi quando “Believe” foi executada por Jon Oliva no telão, somente voz e piano, até a entrada da banda ao vivo, que também contou com homenagem ao falecido guitarrista Criss Oliva, uma baita homenagem aos irmãos Oliva, deixando muito marmanjo emocionado. Um ótimo retorno de uma das bandas mais icônicas do metal.
Músicos:
Zak Stevens – voz
Al Pitrelli – guitarra
Chris Caffery – guitarra
Johnny Lee Middleton – baixo
Jeff Plate – bateria
Paulo Cuevas – teclado
Shawn McNair – teclado
Setlist:
The Ocean
Welcome
Jesus Saves
The Wake of Magellan
Dead Winter Dead
Handful of Rain
Chance
Gutter Ballet
Edge of Thorns
Believe
Sirens
Hall of the Mountain King




EUROPE
Referência e donos de um dos maiores hits dos anos 80, quase meio século de estrada, a banda Europe sobe no palco para uma verdadeira aula de rock’n’roll, vale destacar o frontman, Joey Tempest, o cara é um verdadeiro show man, manteve o público nas mãos o tempo todo e a cada momento usava sua palavra chave, “c@ralh#”. O show abriu com “On Broken Wings”, seguida por “Rock the Night”, a apresentação é uma verdadeira festa, celebrando o bom e velho hard rock. Foram apresentadas canções de várias fases, inclusive da fase em que a banda retornou aos palcos em meados dos anos 2000, uma lastima não estar incluso no repertório músicas do disco “Star from the Dark”, disco este que deu início ao retorno do grupo, uma nova fase de peso e melodia, na época foi muito emocionante ver uma banda tão importante voltar na ativa com tanta força e peso. Não faltaram canções como, “Carrie” e “Superstitious” com direito a um trecho de “No Woman, no Cry” do Bob Marley e um belo solo do guitarrista John Norum. O espetáculo encerra com a bela “Cherokee” e a clássica “The Final Countdown”. Mais um puta show, pesado e com músicos em plena forma.
Músicos:
Joey Tempest – voz
Ian Haughland – bateria
John Levén – baixo
John Norum – guitarra
Mic Michaeli – teclado
Setlist:
On Broken Wings
Rock the Night
Walk the Earth
Scream of Anger
Sign of the Times
Hold Your Head Up
Carrie
Last Look At Eden
Ready Or Not
Superstitious (trecho de No Woman, no Cry, de Bob Marley & The Wailers)
Cherokee
The Final Countdown




JUDAS PRIEST
Com mais de cinquenta anos de estrada chegou a hora do puro heavy metal, Judas Priest. É difícil comentar uma banda como Judas, pois ela vai além da sua própria história, ela fez e faz parte de várias gerações de fãs e seu legado é imensurável. Fico imaginando algumas pessoas mais velha que eu conheço fazendo o que Ian Hill, Rob Halford e Scott Travis fazem no palco, não é pra qualquer um, afinal já passaram dos 70 anos de idade, com exceção de Travis. É impressionante todo esse tempo de carreira e ainda toda essa energia ao vivo, logicamente dentro dos limites de idade de cada um. Pois bem, o show foi recheado de clássicos, como era de se esperar, com exceção de três músicas do disco novo “Panic Attack”, “Crown of Horns” e “Invincible Shield”. Destaque para “Live Bites”, “Sinner”, “Turbo Lover”, “Victim of Changes” e “Hell Bent for Leather”. O show foi perfeito como sempre, alguns pequenos problemas no som, mas nada que comprometesse o espetáculo. Priest novamente prova que é a principal banda de heavy metal, levando a bandeira do som pesado com muito afinco.
Músicos:
Rob Halford – voz
Ian Hill – baixo
Scott Travis – bateria
Richie Faulkner – guitarra
Andy Sneap – guitarra
Setlist:
Panic Attack
You’ve Got Another Thing Comin’
Rapid Fire
Breaking the Law
Riding on the Wind
Love Bites
Devil’s Child
Crown of Horns
Sinner
Turbo Lover
Invincible Shield
Victim of Changes
The Green Manalishi (With the Two Prong Crown) (cover de Fleetwood Mac)
Painkiller
The Hellion/Electric Eye
Hell Bent for Leather
Living After Midnight




SCORPIONS
Os veteranos do Scorpions com sessenta anos de estrada não brincam em cena, com um palco muito bem elaborado dando o legitimo ar da nobreza do hard rock. Assim que “Coming Home” inicia e Klaus Meine entra no palco e é nítido notar que os 76 anos do cantor estão começando a pesar, não digo o mesmo do guitarrista Rudolf Schenker que tem a mesma idade. O show ocorreu como o previsto, clássico atrás de clássico, não deixando de fora os primórdios da banda, com um belo medley da fase do guitarrista Uli Jon Roth, Top of the Bill/Steamrock Fever/Speedy’s Coming/Catch Your Train. A previsão para o Monsters era chuva o dia todo e por sorte ela chegou de verdade somente no último show, mas isso não foi empecilho para a máquina alemã continuar destruindo no palco. Destaque para a dupla de guitarristas Rudolf e Matthias Jabs, ainda tivemos um solo de bateria e baixo de Mikkey Dee e Pawel Maciwoda, dando assim uma pausa para os veteranos respirarem um ar puro. Para o bis um gigante escorpião inflável tomou conta do palco para a deixa final “Blackout” e “Rock You Like a Hurricane”. Precisamos de mais alguma aula no dia de hoje? Acho que não, os doutores do rock e metal lecionaram durante o evento de forma esplendorosa, barbaridade que aulas.
Músicos:
Klaus Meine – voz
Rudolf Schenker – guitarra
Matthias Jabs – guitarra
Pawel Maciwoda – baixo
Mikkey Dee – bateria
Setlist:
Coming Home
Gas in the Tank
Make It Real
The Zoo
Coast to Coast
Top of the Bill/Steamrock Fever/Speedy’s Coming/Catch Your Train
Bad Boys Running Wild
Send Me an Angel
Wind of Change
Loving You Sunday Morning
I’m Leaving You
Solos de baixo e de bateria
Tease Me Please Me
Big City Nights
Still Loving You
Blackout
Rock You Like a Hurricane




DEGUSTE ROCK, NA MIRA DO ROCK!