Summer Breeze São Paulo 2023

Summer Breeze São Paulo 2023

Modelo de festival agrada, carece de pequenos ajustes e conquista público brasileiro.

Por Márcio Rockissimo

Os dias 29 e 30 de abril de 2023 ficarão na história da música pesada. O festival Summer Breeze, originário da Alemanha fez, depois de 25 anos de sua estreia, a primeira edição fora do país. E o país escolhido foi o Brasil, a cidade São Paulo e o local, o Memorial da América Latina. A “brisa de verão” adentrou nosso outono com sua estrutura gigantesca, organização diferenciada, democratização de atividades e de artistas.

Pois bem, há pouca novidade a ser dita que outras páginas já não tenham dito; mas Na Mira do Rock esteve presente e chegou nossa vez.

Hospedei-me na Consolação, perto do metrô República e, três estações depois, descia quase “dentro” do Memorial. Fila enorme, mas em franco movimento – menos de dez minutos já se entrava. Ou seja, por menos de dez reais ao dia se ia e se voltava do festival. Barbada! Ponto muito positivo.

Assisti ao Voodoo Kiss pelos telões enquanto estava na fila. A banda do criador do festival merecia estar ali; só por isso mesmo. Ao entrar, dei de cara com dois palcos lado a lado (Hot Stage e Ice Stage) e três telões: Benediction fazia o primeiro arregaço do dia e já dava pra notar que o som estava adequado à proposta do festival: alto e barulhento, mas “limpo”. Ponto positivo, novamente.

Antes do final do show, optei por conhecer o restante das atrações. Quem não conhece o Memorial da América Latina entenda-se que uma passarela passa por cima da rua levando o público de um lado ao outro, que é onde ficava o Sun Stage, Waves Stage, o Espaço Kids, as feiras e exposições nerd e a maioria dos caixas, bebidas e refeições; além das sessões de fotos e autógrafos. Parecia outro evento! Mas acho que a acessibilidade na passarela deixou a desejar, pouca coisa a mudar, mas necessário.

Então conheci o Brutal Brega com João Gordo nos vocais e Guilherme Martin (Viper e Toyshop) na bateria. Sensacional! Encerraram com Tropicana do Alceu Valença numa versão pra lá de “pogável”.

E assim, aos poucos, conforme o dia passa, tem-se que escolher a qual show assistir, com quem tirar fotos, qual stand visitar.

Terminado o show do Brutal Brega, a Crypta entra no palco. Show carismático, com alguns problemas de som no começo e vida que segue. Enquanto isso, o Viper e o Shaman homenageiam André Matos no Hot Stage. Foi belo.

Então, assisti ao primeiro show completo: Skid Row. E que show! O novo vocalista, o sueco Erik Grönwall, fez renascer a banda noventista. Show agitado, enérgico, roqueiro. Abrindo com a poderosa Slave to the Grind, podemos ver que a banda “toda está aqui”. Time Bomb do novo disco, The Gang’s All Here, é a cara do Skid Row: pesada, embalada e com refrão poderoso. Nesse meio, 18 and Life e In a Darkned Room nos remeteram aos tempos promissores da banda. E o fechamento com Youth Gona Wild foi catártico. Melhor e mais surpreendente show do dia.

Apenas virei o pescoço e o Sepultura – banda que tive o prazer de ver pela nona vez e, finalmente, mostrar minha tatuagem em sua homenagem – já apresentava a introdução de Isolation, música que abre o Quadra de 2020. E daí em diante, foi só mosh pit, punhos cerrados ao alto e o Sepultura afiadíssimo. Das mais antigas só Arise, mas no meio teve Refuse/Resist, Territory e o encerramento com Ratamahatta e Roots Bloody Roots foi digno de hecatombe sonora e de performance.

Então tive que optar novamente e, à terceira música do Lamb of God – Walk With Me In Hell – atravessei a passarela novamente e fiquei à espera do Accept no Sun Stage. Assistiria a uma parte e depois terminaria no Stone Temple Pilots. Ledo engano. Impossível sair do show da “primeira banda de heavy metal da Alemanha”. Desde o início com Zombie Apocalypse até o final com, claro, Balls To The Wall, o show foi intenso, heavy puro, lindo de ver e ouvir. Foi um espetáculo e eu vejo o STP em outra oportunidade.

Ainda encontrei alguns cosplays invejáveis: Jason, Michael Myers, The Nun, Regan MacNeil; galera de vários canais de música do Youtube, da Rádio Kiss e mais gente de bandas que foram ver seus pares no festival. Ainda teve palestra com Bruce Dickinson, Premiere do documentário do André Matos – Parte II, Blind Guardian e Apocalyptica. Não vi todos, mas passei por todos. UFA! Chegava ao fim o primeiro dia, doze horas depois do primeiro show.

No segundo dia, já sabendo como transitar no Memorial, já entendendo a proposta do festival e, mais ou menos, onde descansar, onde pegar uma sombra, onde comer e beber e como fazer as escolhas entre as atrações, cheguei antes das onze da manhã, a tempo de ver o Krisiun, nossos conterrâneos. E mais: muita gente pensou o mesmo que eu – chegar cedo pra ver o Krisiun, no Ice Stage. Foi A-N-I-M-A-L! O Krisiun sempre está aqui e esteja onde estiver, essa frase vale. Foi com sol escaldante, mas o Death Metal rolou com gosto.

Logo em seguida, o Grave Digger sobe no Hot Stage e a galera ovacionou os caras. Eles sabem o que fazem e a galera curte.

Então, começaram as escolhas do dia: cheguei ao Sun Stage e curti pacas o show do Project 46, banda do Jean Patton, que substituiu o Andreas Kisser do Sepultura em parte da turnê europeia quando este perdeu sua esposa para um câncer, no ano passado. Que show! Os caras agitam a galera, a galera vai na onda e, assim como o Accept na noite anterior, encheu o local. Show lotado e cabeças batendo. Sensacional.

Então, fui encontrar o Krisiun para aquela foto de fã e para que autografassem minha peita do Colorado.

Assisti à parte o Finntroll, banda finlandesa de folk metal. Os caras têm uma legião de fãs no Brasil, que lotaram o espaço do Sun Stage e, em alguns momentos, “cantavam” os refrãos. Foi massa demais. Os caras metem umas orelhas de elfo, enchem de estilo e fazem um som muito pesado e muito coeso. Vi pouco, mas curti demais.

E fui ao encontro do Testament, no Ice Stage. A banda já chegou chegando com Rise Up, baita som do Dark Roots of Earth, de 2012. Baita disco, por sinal. E, na sequência, dois presentes: The New Order e The Preacher. Gente… Som claro, pesado, envolvente, Testament mostra porque é uma das bandas mais admiradas. Muita técnica, muito embalo (confesso que sempre achei umas levadas meio skate punk, meio Suicidal Tendencies – o que é bom demais). Alex Skolnick e Eric Peterson “debulham” as doze cordas como se não houvesse amanhã. Eu havia visto o Testament, em 2015, em Porto Alegre e, naquela ocasião o som estava ruim e embolado, o quê, num show do Testament, é um baita problema. No Summer Breeze, tudo foi “nos trinques”.

Então, fui tietar o Napalm Death. Shane Embury não se fez presente, problemas de saúde – como dito horas depois, no show, “Shane was sick” –. Mas todos muito solícitos e muito gente boa, falando português e sendo muito simpáticos.

Voltei ao Ice Stage para ver o Kreator. Hate Über Alles abriu os trabalhos, seguida de People of The Lie. Magnífico. Kreator é uma instituição, não mais uma banda. Melhor show, disparado, do segundo dia.

No Sun Stage, minutos depois, Napalm Death, o “Pai da Bagaça Toda”, sobe ao palco. Gente… A menor música do mundo, as músicas mais rápidas, as mais históricas. Tocaram Scum, Suffer The Children levou todos ao êxtase. Que momento!!! Barney é a inquietude em pessoa: corre, pula, grita; e ainda achou um tempo pra detonar o governo anterior do Brasil. Foi ovacionado. Enfim, Napalm Death foi o último show a que vi por completo no domingo.

Ainda teve The Winery Dogs com seu virtuosismo e boa música, Avantasia que fez um show limpo, gradualmente pesado e muito, mas muito bem executado, foi massa. Muito se disse de que o Stratovarius merecia um palco maior. Talvez sim, mas acho que o tamanho do palco não faz parte do contrato, porque a banda mandou bem demais, tocou muitas músicas que empolgaram a todos e o som estava perfeito. Sinistra, Evergrey, Beast In Black ainda contribuíram pro engrandecimento do evento que satisfez a todos. Ouvia-se elogios a toda hora nos bares, nos shows e, principalmente, a possibilidade de ver artistas que, dificilmente, viriam em shows solo. Nem um “gigante” que volta e meia aparece por aqui, mas muita gente, de diversas vertentes e gostos – tanto artistas quanto público – transitaram em harmonia. Muitos mosh pit e a grande regra da “roda”: Ajudar quem cair.

Ano que vem estaremos lá de novo. Gostaria que fosse no Memorial da América Latina novamente, mas acredito que muitos que não se encorajaram a ir esse ano, irão no próximo. Talvez seja em local maior. Espero que não.

Saldo positivo, com plus.

Testament
Accept
Skid Row
Sepultura
Mostrando a tatuagem e tietando o Sepultura
Napalm Death
Kreator
Brutal Brega
Benediction
Tietando o Napalm Death
Tietando o Krisiun

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