Julia Lage volta ao Brasil em 2026 para tocar no Bangers Open Air com Smith/Kotzen – Parte III
Julia Lage by Jack Lue
Por Elias Scopel Liebl
Baixista, cantora e compositora, Julia Lage construiu uma trajetória marcada por versatilidade e personalidade. Atualmente vive nos Estados Unidos ao lado do marido, Richie Kotzen. Em 2022, passou a integrar a clássica banda americana de hard rock Vixen, além de participar do projeto Smith/Kotzen, que une Richie ao lendário guitarrista Adrian Smith, do Iron Maiden. Com um currículo repleto de bandas, projetos e jams, Júlia retorna mais uma vez às nossas páginas para um bate-papo especial. Acompanhe a entrevista e, para quem ainda não conhece seu trabalho, vale explorar suas músicas nas plataformas digitais — de preferência no volume alto.
Elias Scopel Liebl: Ano que vem você está chegando ao Brasil com o Smith/Kotzen para tocar no Bangers Open Air. O que mais te anima em se apresentar para o público brasileiro dessa vez, já que ano passado você tocou no mesmo festival com a banda Vixen?
Julia Lage: Com certeza o que mais me anima é o publico! Eu toquei por treze anos no Brasil e a treze anos atrás me mudei para Los Angeles e graças a Deus fiz muita turnê por aqui e na Europa, mas não tem como, tocar no Brasil é inesquecível. A gente tem uma empolgação diferente. O pessoal sabe todas as letras, solos, até as partes instrumentais eles cantam. Estou animada também em dividir os palcos Brasileiros ao lado do meu marido, Richie Kotzen. Já toquei muito com ele, mas nunca na minha terra natal que por sinal é São Paulo. Não vejo a hora!
ESL: O Smith/Kotzen tem uma dinâmica única, com dois guitarristas principais dividindo vocais. Como essa energia influencia o seu papel como baixista ao vivo?
JL: É bem diferente pra mim. Eu estou acostumada a sempre ter um microfone na minha frente e com eles eu somente toco o contrabaixo, pelo menos até agora. Teve uma apresentação que fizemos no Grammy Museum que foi acústica e eu fiz vocal com eles mas foi exceção. Eu gosto pois me da mais liberdade e eu consigo me focar somente no instrumento. Acho bacana e é uma preocupação a menos. Na Vixen eu canto todos os vocais agudos então tenho sempre que pensar em preservar minha voz nas turnês. Ali no SK eu posso estar sem voz que não faz diferença (risos).
ESL: Há alguma música do Smith/Kotzen que você considera particularmente divertida ou desafiadora de tocar ao vivo? Por quê?
JL: Sim. O Richie se empolgou em uma música chamada Raise Again. Ele tem facilidade com algumas técnicas que eu não tenho necessariamente. Essa música me da uma dor de cabeça mas eu acabo adaptando e na última turnê a gente tocou e rolou legal.
ESL: Com a banda Vixen você pode entrar de fato para a cena musical americana, com é dividir o palco com todas as bandas de Hard Rock dos anos 80 e 90? Quem sabe não rola um festival com todas essas bandas aqui no Brasil?
JL: Pois é, eu acabo tocando com muitas dessas bandas, mas o interessante é que eu nasci na década de 80 então eu não ouvi muitas dessas bandas. Eu sabia o nome dos grupos mas não muito as músicas. O legal é poder assistir ali do palco os clássicos e aprender os clássicos também (risos). Seria muito bom poder levar o pessoal todo pro Brasil. A maioria deles são muito bacanas, sempre prestativos e adoram contar histórias da estrada. Essa parte não tem preço. Ouvir os precursores e seus causos.
ESL: Recentemente você esteve em turnê com o guitarrista Dean DeLeo do Stone Temple Pilots, no projeto One More Satellite, como foi o convite para integrar esse grupo e como tem sido os shows?
JL: A Vixen tocou em um festival com STP e lá a gente se encontrou e trocamos ideia. Isso foi em 2023. Depois no começo desse ano fui na festa de aniversário do Jerry Cantrell e os irmão DeLeo estavam lá também. A gente acabou reconectando e meu marido, muito fofo sempre fala, olha se precisar de baixista minha mulher manda muito (risos). Meses depois, aparentemente ele estava pensando em baixistas para os shows ao vivo e o mão direita dele Ryan Williams, aparentemente tinha me visto tocar anos atrás e lembrou de mim. Dean ligou pro Richie e falou que queria falar comigo pra ver se rolava tocar na banda nova dele. Engraçado como as coisas funcionam. Eu obviamente aceitei e calhou de ser uma fase que a Vixen estaria de férias. As músicas são incríveis, os meninos todos são incrivelmente talentosos. Foi um som muito gostoso de aprender. Vários vocais que tive que fazer enquanto tocava que foi um pouco desafiador no começo pra coordenar tudo mas rolou demais! Não posso deixar de citar aqui que tocamos quatro musicas do STP e que nessa hora me senti uma criança tocando esses sons clássicos, como Vasoline com o cara que escreveu a música! Foi demais! A tour foi curta dessa vez, mas ele quer seguir o barco.
ESL: O projeto One More Satellite ainda conta com o baterista Brian Tichy, que já tocou com muita gente, como Whitesnake, Billy Idol, Ozzy, e muitos outros, além do vocalista Peter Shoulder. Existe planos para esse super grupo seguir em uma turnê por outros países?
JL: Como disse acima o Dean está animado pra fechar mais shows sim. Claro que sendo um projeto novo não é tão simple assim, mas todos nós queremos mais! Eles já tem inclusive material pra lançar um possível segundo disco. A repercução dos shows foi muito boa, então sendo assim imagino que é só uma questão de tempo para que a gente saia por ai.
ESL: Ao vivo como você chegou à configuração ideal do seu setup? Você utiliza algum equipamento em especifico, que traga sua identidade?
JL: Eu já testei várias composições e equipamentos diferentes, mas não tem como, pra mim o que me deixa mais feliz com o meu som é o que venho usado a alguns anos. Eu uso o Ampeg SVT, o classic funciona muito bem mas o que sou apaixonada mesmo é o SVT-VR. Me lembro de tocar em um desses no festival Wacken e o som do baixo estava um cavalo! Meu baixo tem sido o Fender Precision e não tem como, ele é o que funciona pra mim. Eu gosto do som mais redondo que ele tem e quando preciso dar uma punch extra eu uso meu pedal da Tech 21 o Fly Rig. Invenção do maridão diga-se de passagem! O bass fly rig primeira geração funciona muito pra mim. Eu uso o Sunsmp do pedal e é isso. Não gosto de depender de pedais pra tirar um som bom no instrumento. E sou mais purista quanto ao timbre do baixo. Também não sou muito fã de algumas tecnologias novas. As vezes não compensa tentar reinventar a roda sabe? (risos)
ESL: Como tem sido a aceitação do seu trabalho solo, há planos para shows no Brasil?
JL: Meu trabalho solo faço por puro prazer em criar. Eu lanço independente e quem aprecia está valendo. Eu gosto do processo criativo e quando está pronto ou quando tenho tempo eu lanço. Cada single meu é bem diferente de cada um pois não sigo nenhuma regra. O pessoal que me segue parece curtir, mas faço primeiramente pra mim. Tenho umas dezenas de músicas pra finalizar e comecei a lançar elas, pois o marido ficava em cima falando que tinha que lançar (risos). Eu tenho uma single pronto pra lançar mas estou segurando pois quero ver se lanço com um plano melhor, talvez um EP. Gostaria sim de tocar meus sons ao vivo. Ainda não é a hora mas vai chegar.
ESL: Há planos de novo lançamento solo ou projetos paralelos que você possa compartilhar com o público?
JL: Sim músicas solos tenho várias pra serem lançadas. Vixen acabou de lançar uma música natalina e estamos conversando em lançar mais um single pro futuro próximo. Fora isso o Smith/Kotzen lançou album novo a uns meses atrás e eu tive o prazer de gravar 5 músicas no álbum. Mas eu estou sempre na ativa com alguém então fiquem de olho (risos).
ESL: Julia, mais uma vez, obrigado pelo bate-papo, e esperamos nos encontrar no Bangers para umas risadas. Como sempre, agora o espaço é todo seu, sinta-se a vontade para promover seu trabalho e deixar um recado para seus fãs.
JL: Mais uma vez obrigada pelo convite é sempre bom estar por aqui. Músicas solos saindo do forno em 2026, Vixen provavelmente vem ai com som novo, e também quero convidar o pessoal a ouvir o projeto novo do Dean DeLeo One More Satellite. Foram um dos shows mais gratificantes que toquei nos últimos tempos! E fiquem ligados em possíveis shows. Por fim não vejo a hora de tocar com os mestres Adrian Smith e maridão Richie Kotzen no Brasil! Bruno Valverde estará lá também comigo representando nosso pais lindo e com a melhor plateia do mundo. Vejo vocês em breve. Me sigam nas redes sociais ou meu website julialage.com pra mais informações do rock!
Valeu pessoal e obrigada Elias!




