Shaman: definitivamente o fim
Foto divulgação: Thiago Kiss
Por Eduardo Cadore
O maior retorno da música pesada nacional dos últimos anos foi a volta do Shaman com a formação original. Aqueles poucos shows do grupo dos irmãos Mariutti com o saudoso André Matos reacenderam as chamas dessa lendária banda dos anos 2000, que lançaram dois clássicos do Power Metal nacional, “Ritual” (2002) e “Reason” (2005). A debandada da banda e a sequência com nova formação e discos fracos, só mantinha acesa a esperança de um retorno.
Tenho certeza que se André Matos estivesse vivo estaria com a banda divulgando em todo mundo seu novo disco. Infelizmente, sua partida fez com que a banda, que estava em pleno voo, seguisse com outro grande vocalista, Alírio Netto (fortemente cogitado para o Angra, que escolheu o italiano Fabio Lione).
Dessa nova formação, “Rescue” (2022) “resgatou” (perdoe-me o trocadilho) muitos aspectos da fase de ouro da banda e a turnê que se seguiu só mostrou que Shaman estava de volta, numa nova formação, mas mais perto da sua origem como jamais esteve.
Infelizmente, nos primeiros dias de janeiro de 2023, a notícia do fim da banda. O encerramento das atividades foi declarado por Hugo Mariutti, após seu irmão Luís Mariutti anunciar a saída da banda, conforme explicou em vídeo nas suas redes sociais, o fim de um ciclo e a necessidade de cuidar da saúde mental e estar num local que lhe fizesse feliz.
Sabe-se que o estopim foram as declarações do baterista Ricardo Confessori em redes sociais ao discutir com internautas após post de cunho político partidário. A troca de agressões verbais, com o baterista até mesmo podendo ser processado (a vítima já anunciou que levará o caso ao Judiciário), resultou na debandada do restante da banda.
Mas porquê é o fim definitivo? A verdade é que o Shaman retornou envolto da figura do André Matos. Sua morte encerrou o real legado da banda, e em que pese Alírio ser um excelente e carismático vocalista, ele não é quem os fãs esperaram o retorno da banda com a retomada da carreira e novos discos e turnês.
Ainda, apesar de “Rescue” ser um disco excelente, parecia mais uma despedida do que o começo de uma nova era. Junte a tudo isso o fato de que os músicos da banda possuem outros trabalhos e projetos, alguns, quiçá, mais significativos economicamente, e teremos todos os indicativos de que a banda já chegara no limite. Tanto é que dois dias depois do anúncio do fim, Alírio já estava cantando com a sua outra banda, nada menos que o Queen Extravaganza. Luís tem seus projetos, dentre eles o Matanza Ritual, que parece fazer mais shows que o Shaman, e por aí vai.
Fica a maior tristeza para os fãs. Porém, no fundo, a banda acabou com a morte do André. Tudo o que veio depois ou poderia vir, seria apenas uma parte do que queríamos ver dessa banda. Tanto que o saudosismo da fase original não persiste para sempre. Hoje e no futuro, não há mais sentido que o Shaman siga existindo, e aliado com as infelizes digressões do Confessori, qualquer pessoa sensata deixaria de compartilhar um grupo com alguém descontrolado assim.
Fica o legado da fase original, o bom trabalho da fase final, e a certeza que Shaman marcou a sua história no Metal nacional, até mesmo mundial, ao lado de seus conterrâneos Viper e Angra.